Para Chefchaouen
A viagem tantas vezes pensada e planeada, viu agora a “luz do sol”, bem, pelo menos parte dela. Depois da época natalícia, sabe sempre bem espairecer um pouco. Desta vez o destino foi Marrocos. Não levamos a cabo a expedição que andamos a planear a alguns anos, mas decidimos descer para sul a fim de encetarmos um primeiro contacto com o norte de África, depois de no verão termos estado no sul. Para já, limitamo-nos ao norte de Marrocos. O sul, com o grande atlas e o deserto, ficam para uma próxima “exploração”.
Compramos o bilhete para o barco das 8:00 em Algeciras com destino a Tênger-Med. Como não conhecíamos os procedimentos de embarque, queríamos chegar mais cedo, não fossemos ficar em terra. Após uma longa noite, chegamos a Algeciras por volta das 5:30. À hora que saímos de Portugal (1:00), fizemos a viagem sem qualquer trânsito demorando 3h e 30min (em Espanha conta +1 hora). Ás 8:00 ainda estávamos no porto à espera do embarque (pontualidade espanhola). Saímos ás 9:00 e 1h e 30min depois lá chegamos ao continente Africano. Depois de todas as formalidades da fronteira, menos complicadas que o esperado, lá entramos em Marrocos.
Seguimos viagem para Chefchaouen, o nosso primeiro destino, passando “ao largo” de Ceuta e por dentro de Tétouan. Em Tétouan tivemos o primeiro contacto com as cidades Marroquinas, onde encontramos avenidas grandes e arranjadas, um misto de aquitetura tradicional e moderna numa organização fora do esperado e até um McDonalds. Afinal de contas, tínhamos de quebrar alguns preconceitos impostos pela cultural ocidental.
Chegamos a Chefchaouen, uma pequena cidade de montanha, famosa pelas suas casas caiadas de cor azul clara.
Em Marrocos existe uma grande variedade de alojamentos, desde pousadas, hotéis ou riads. Estas últimas são mais tradicionais e por isso optamos por esta opção. A riad baracka onde ficamos, situa-se na Medina e a única forma de a encontramos foi com o auxílio de um guia, que assim que estacionamos o carro prontamente se disponibilizou para nos levar. Claro que a troco de alguns dirham. A riad é gerida por uma família britânica que nos acolheu de forma muito simpática. A vista do terraço para a Medina é fantástica e os espaços criados para desfrutar da mesma não se ficam atrás. Depois de instalados, partimos à descoberta da Medina, com a garantia dada pelo gerente de que ninguém se perde na Medida de Chefchaouen. A quantidade de ruas e ruelas é impressionante, mas apesar de toda esta confusão há algo que se mantém uniforme: as casas caiadas de azul claro. Esta é a atração principal da cidade. Com tantas ruas, gente a circular e as casas todas da mesma cor, a confusão aumenta. O que é certo, é que passadas algumas voltas pela Medina, lá nos conseguimos orientar. A partir daí o passeio foi tranquilo e partimos então à descoberta do melhor que a cidade tem para oferecer, isto é, lojas e mais lojas e uma arquitectura fora do comum que torna esta cidade especial.
Terminamos o passeio no restaurante assada, recomendado na riad e nos livros de viagens. Aqui tomamos o melhor chá Marroquino que experimentamos, um doce e saboroso chá de hortelã-pimenta com chá verde. Para comer, experimentamos as inevitáveis tajines, prato típico Berber, cozinhado a vapor no barro. Voltamos à riad onde ainda tivemos tempo para degustar umas chamussas e uns bolinhos que compramos numa “pastelaria” na Medina. Assim terminou um longo dia de viagem.
No dia seguinte pusemo-nos ao caminho em direção a Volubilis, as maiores ruínas romanas de África. Fomos pela estrada nas Montanhas do Rif, o maior centro de plantação de canábis de África. É por essa razão que em Marrocos é vulgar utilizar a expressão “Rif” para se referir à dita planta. Como nos dirigimos para sul, afastamo-nos da região das plantações que se situa mais no nordeste do país. Chefchaouen é também um conhecido centro de consumo de “Rif”, o que provoca sempre um aroma interessante em alguns estabelecimentos.
Para chegarmos a Volubilis, o GPS orientou-nos por uma estrada rural na qual durante uns bons quilómetros não vimos mais nenhum automóvel para além do nosso. Apenas alguns tractores transitavam pela via. Pelos lugares onde iamos passando, as crianças saiam das escolas com grande alegria e acenavam à nossa passagem, tal era a admiração por estes visitantes inesperados. Demoramos quase uma hora para percorrer 16 Kms de estrada alcatroada onde por vezes surgiam “crateras”, pelo que tivemos de ir com cuidado para não destruir a Audi, pouco ágil nestas condições. Para este caminho tinha de vir preparado com o Patrol. Fica para uma próxima oportunidade… Chegamos finalmente a Volubilis, onde visitamos as famosas ruinas que são de facto interessantes e de presença significativa. Porém, depois de passarmos por Roma ou Éfeso, dificilmente outras ruinas nos impressionarão. Seguimos então viagem até ao próximo destino: Fes.
Chegados a Fes, fomos diretos ao Hotel Batha onde nos encontramos com a proprietária da riad DarEl Ouedghiri onde iriamos ficar duas noites. Antes de sairmos de Volubilis ainda tivemos tempo para encontrar uma Geocache, mesmo às portas das ruinas.