Por Meknès
No caminho para Meknèspassamos pela cidade de montanha de Ifrane, a Suíça Marroquina. A cidade situa-se no médio atlas a 1665 metros de altitude. Quando chegamos estava um sol radioso, porém ainda era visível alguma neve na cidade. Passamos pelo centro e continuamos, seguindo as placas que indicavam uma estância. Percorremos alguns quilómetros mas a estância nem vê-la. Chegamos no entanto a uma parte da montanha onde o sol tinha sido mais generoso, deixando uma colina coberta com um manto branco. Ali as pessoas faziam piqueniques e as crianças escorregavam pela colina em trenós alugados, por algum audaz do negócio, que não perdeu a oportunidade para faturar alguns dirhams. Fizemos uma breve paragem na colina e voltamos para traz, pois o movimento de carros era grande e o tempo era pouco. Voltamos a Ifrane, onde demos um passeio pela cidade. As casas típicas de montanha moldam a arquitetura da cidade, contrastando com a arquitetura tradicional de outras cidades. Esta, tal como a limpeza das ruas faziam jus à comparação com a nação helvética. A ocupar uma área significativa da cidade está o palácio real, guardado pela polícia e exército. Talvez seja uma das casas de férias da família real.
Partimos de seguida em direção a Meknès, descendo a montanha. Pelo caminho passamos por umas infraestruturas curiosas, que só mais tarde viríamos a perceber qual o seu propósito. Trata-se de muros de pedra cobertos por enormes plásticos amarelos que se espalham ao longo da paisagem montanhosa. Pendurados nos muros estavam cachos de cebolas, um dos legumes mais utilizados na cozinha berbere. Os muros são secadores de cebolas.
Chegados a Meknès fomos ter à praça Ladhim, onde nos encontramos com o pessoal da riad hiba. Mais uma vez estacionamos carro e entramos a pé na Medina, onde se situava a riad. Á nossa espera estava o quarto com o nome “1001 noites”. Fomos novamente recebidos com o chá da praxe no terraço da riad. Depois de devidamente instalados fomos passear pela Medina. Apesar de não ser comparável em tamanho à Medina de Fès, a confusão de gente não se ficava atrás, e em certas zonas era maior. Em algumas ruas estreitas as pessoas comprimiam-se literalmente para poderem caminhar nos dois sentidos em que o tráfego se fazia. Para ajudar à confusão, fora da Medina decorria um mercado frenético que pouco interesse tinha para os turistas. Apesar de toda esta azáfama de gente, as ruas da Medina são simples e é pouco provável alguém ali se perder. O mais interessante em Meknès porém não foi a Medina, mas sim o mercado de alimentos junto à praça Ladhim e o artesanato que se vendia à porta. No mercado vendia-se especiarias, azeitonas, doces, carne, peixe, e galinhas vivas. Para cada uma das seções estava destinada uma área específica do mercado. As cores vivas dos vários produtos e os cheiros das especiarias dão a este mercado uma beleza especial. Na praça estavam vários ajuntamentos de pessoas que assistiam a diversos espetáculos de rua com um tom árabe.
No dia seguinte fomos visitar a cidade imperial de Meknès. O tempo era pouco, pois tínhamos de regressar a nesse dia. Passamos pelo palácio real e fomos visitar as antigas cavalariças reais, um complexo gigante onde durante anos foram criados cavalos árabes. Saímos de Meknès ao final da manhã e pusemo-nos ao caminho em direção a Tânger-Med, onde tínhamos barco às 16:00. Chegamos às 15:00 e ainda tivemos tempo para umas compras de última hora na pequena cidade de Ksar Sghir. Com a pontualidade Espano-Marroquina, o barco zarpou às 17:00 e começamos a viagem de regresso ao continente europeu.
Ao final de 5 dias de viagem e 1700 Km’s depois, ainda chegamos a tempo de celebrar o ano novo com a família e amigos em Portugal. Numa próxima oportunidade faremos o reveillón em terras do Magrebe. Desta vez fomos apenas tomar o gosto e para já “sabe muito bem”.