Se fosse desafiado a resumir numa frase o encontro TIC@Portugal 2013 que decorreu este mês por todo o país e correndo sempre o risco de privilegiar uns temas em detrimento de outros, diria que o mesmo “reavivou a necessidade de restaurar o pensamento computacional na escola”. É certo que muitos dos temas abordados passaram ao lado desta ideia, mas do meu ponto de vista como participante e de acordo com as apresentações que assisti, esta foi certamente a ideia que mais vincada ficou na minha mente. Sendo um fervoroso adepto da lógica computacional, à muito tempo que defendo uma aposta clara nesta área, pois é transversal a várias saberes.
O sistema educativo português tem relegado o pensamento computacional aos alunos que enveredam pelas áreas técnicas/profissionalizantes de informática. Ora hoje é amplamente reconhecido que o raciocínio computacional não é apenas um pressuposto deste perfil de alunos, antes pode (se não mesmo “deve”) ser desenvolvido junto de todos os alunos, de forma a que os mesmos adquiram competências de resolução de problemas. A programação de computadores, ainda que considerada por muitos como uma atividade para “excêntricos” da informática, é uma ferramenta muito eficiente no desenvolvimento do raciocínio e da lógica, aspetos fundamentais em qualquer área do saber. Como contesta Mitch Resnick, professor do MIT e fundador do projeto Scratch, assim como aprendemos a ler para posteriormente lermos para aprender, porque não aprender a programar, para mais tarde programarmos para aprender? Segundo ele, a programação pode potenciar a aprendizagem e a criatividade. Perante o currículo atual, quão longe tem estado a escola desta matéria!
Na sequência desta ideia foram muito oportunas, senão mesmo urgentes, algumas comunicações do TIC@Portugal 2013 sobre robótica educativa e robôs ecológicos, bem como os workshops de pensamento computacional na escola, robótica educativa com Arduino e ambientes computacionais baseados no Scratch (ainda que este último não se tivesse realizado por falta de participantes!). Esta partilha de ideias permitiu recuperar uma forma de pensar à muito esquecida, desde o tempo em que para utilizar o computador, o utilizador tinha de introduzir uma sequência lógica de instruções que dava origem a um determinado output. No presente é possível utilizar as mais variadas ferramentas computacionais sem saber o que é uma estrutura de controlo, ou seja, recorrendo a uma metáfora simplista, é possível construir uma casa sem saber calcular uma área.
Cabe então à escola recuperar o tempo perdido, na medida do possível, no que diz respeito ao desenvolvimento do pensamento computacional. Uma vez que várias gerações de alunos não tiveram oportunidade de desenvolver estas competências, resta-nos agora dar uma resposta séria à geração emergente, criando um ciclo for que seja executado durante muitas mais gerações, incrementado valor a cada uma que passa.
No início deste ano já tinha publicado um post depois de assistir a uma apresentação do Mitch Resnick.
Aqui fica outro artigo interessante sobre o tema: Exploring Computational Thinking by Phil Wagner.
Aproveito também para partilhar alguns links sobre esta temática.
Livro “Computer Science Unplugged – Ensinando Ciência da Computação sem o uso do computador”:
Sites em Inglês: