26/7/2013, sexta-feira
Voo para Zagreb, Parque Nacional Plitvice
O dia começou cedo e agitado no que seria o início de uma nova “expedição”, desta vez pela Europa, mais precisamente na região dos Balcãs.
Com voo marcado para as 06:30 no aeroporto de Lisboa, não restou outra forma que não despertar pela madrugada em terras ribatejanas para fazer a aproximação à capital por volta das 04:00.
Já no aeroporto encontramo-nos com os nossos amigos e companheiros de expedição, o Pablo e a Rita, que nos vão acompanhar por terras de uma outrora Jugoslávia.
A esta hora, como aliás a todas as horas, não há nada de interessante para fazer num aeroporto. A leitura é provavelmente a atividade mais apelativa que posso imaginas, mas a estas horas é quase que impraticável, pois os olhos tendem teimosamente a fugir das páginas do livro para a tranquila obscuridade da sonolência.
Assim, resta-nos dormir nos “confortáveis” bancos do aeroporto ou deambular pelas poucas lojas já abertas no átrio de embarque. Chegada a hora prevista e tão desejada, lá nos dirigimos à respetiva porta, onde uma das hospedeiras de terra já nos apressava para embarcarmos. Durante o voo nada de interessante se passou a não ser a simpatia do comandante que nos fez o favor de acordar enquanto passávamos pelos Alpes. Depois de uns lampejos de sono aqui e ali, lá chegamos à primeira capital da nossa expedição. Demoramos três horas de voo de Lisboa a Zagreb, na Croácia.
De Zagreb não vimos nada neste primeiro dia. O nosso objetivo é levantar o carro no aeroporto e dirigirmos para sul, em direção ao Parque NacionalPlitvice, um complexo natural de lagos. Pelo caminho paramos na cidade de Karlovac, onde tivemos o primeiro contacto com a realidade económica deste país que recentemente aderiu à União Europeia (01/07/2013). Num supermercado da cidade gastamos 204 Kunas (a moeda oficial), o equivalente a 27€ (1€ = 7,4 Hrk). Compramos águas, alguma fruta e coisas simples para comer ao almoço, entre elas umas petingas fritas de encher o olho, como à muito não via em Portugal. Isto tudo para dizer que à primeira vista, o custo dos bens alimentares é muito semelhante ao nosso em Portugal. Foi em Karlovac que tomamos a nossa primeira refeição em solo Croata. Foi numa sombra de um jardim da cidade que degustei as deliciosas petingas fritas. Só faltou mesmo o arroz de tomate, mas desse talvez não saibam fazer por aqui.
Um dos pontos imperdíveis da nossa passagem pelos Balcãs e um do mais turísticos da Croácia são os lagos do Parque Nacional Plitvice. É sem dúvida um lugar único onde a natureza não se inibiu de exibir todo o seu esplendor. As palavras são parcas para descrever este local magnífico. Nunca a expressão “uma imagem vale mais de mil palavras” fez tanto sentido. O parque consiste num conjunto de lagos desnivelados que permitem que a água percorra todo o parque numa área de mais de 200 hectares. Os visitantes caminham ao longo dos lagos ora em trilhos naturais, ora em passadeiras e pontes criadas para o efeito. A água que percorre os lagos provém de várias cascatas, é límpida e serve de habitat a várias espécies de peixes que se conseguem avistar facilmente dos locais de passagem, tal é a transparência da água. Para os visitantes no verão é uma experiência dolorosa, diria mesmo devastadora, o facto de não podermos partilhar com os peixes este tão nobre habitat. É proibido nadar, mergulhar, tomar banho e tudo o que envolva o contacto humano com a água em todo o parque. O único contacto que tivemos com a água foi quando atravessamos um dos maiores lagos num dos barcos do complexo; … a bem dizer também tivemos algum contacto quando fomos brindados com as gotículas de algumas das várias cascatas do parque, que o vento nos fez o favor de encaminhar; … mas para ser mais preciso, ainda tivemos outro momento de contacto. Este não sei se o deva mencionar publicamente, pois duvido da sua legalidade, mas ainda assim cá vai. Ao passarmos numa das muitas pontes do parque, num lugar recôndito, eis que a água nos surge ao nível dos pés. De repente, uma “força estranha” que ainda não compreendi, puxou-nos os pés para a água e assim ficamos inertes a refrescar os pés suados e calejados de tanto caminhar, sentados na ponte. Afinal de contas já tinham saído de Portugal. Isto é com cada partida que a natureza nos prega …
O parque tem ainda algumas cavernas e uma diversidade de fauna dignas de registo. Para se conseguir apreciar devidamente toda esta beleza são necessárias várias horas, de preferência durante dois dias. Existem vários circuitos demarcados no parque com durações diferentes (A, B, C, K e G). Como não tínhamos tanto tempo, tivemos de apressar o passo para conseguir ver uma boa parte do parque. Mesmo depois de uma noite mal dormida e da viagem, ainda conseguimos chegar ao fim do circuito C antes das 20:00, a hora de encerramento do parque.
No final do circuito tínhamos à nossa espera um meio te transporte híbrido para nos levar de volta à entrada do parque. Híbrido não no sentido do tipo de combustível, como os veículos amigos do ambiente, mas porque se tratava de uma mescla entre um autocarro, um camião e um comboio. Foi nesta estranha peça de engenharia mecânica, assinada pela Mercedes-Benz, que voltamos ao ponto de partida. Pelo caminho pudemos ainda apreciar, de uma perspetiva mais elevada, os lagos por onde tínhamos acabado de passar e ainda houve tempo para umas fotografias. Ainda esta parte da expedição não terminara e já pulávamos de vontade de voltar.
Depois de um dia longo e bem preenchido, o que precisávamos mesmo era de voltar para onde saímos por volta das 03:00. E assim fizemos. Fomos para a Guest House que tínhamos reservado a cerca de 17 Km do parque e a 2700 Km da nossa última cama e finalmente descansamos.