02/08/2013, sexta-feira
Belgrado
Estamos na reta final do congresso de jovens e hoje de tarde tivemos uma abertura no programa com tempo livre para passear. Juntamente com os nossos amigos Augusto e Mariana, decidimos aproveitar a tarde para visitar Belgrado. Fomos até à estação de comboios, mas o comboio para Belgrado tinha acabado de sair. Ainda fomos saber quanto era um táxi, mas a bandeirada de Novi Sad para Belgrado era de 50€, o que consideramos demasiado, apesar de ainda ser uma distância de 96Km e 1 hora de viagem. Acabamos por ir de autocarro. Apanhamos um expresso que levou 1h15min até à capital Sérvia. Para pouparmos nos bilhetes, compramos logo de ida e volta.
Quando chegamos a Belgrado, ainda no autocarro, confirmamos a estação com uma senhora que se preparava para sair e que nos pareceu uma local. Mais tarde, já na rua, a mesma senhora ofereceu-se para nos levar para o centro da cidade. Apesar de carregar um pequeno trólei, andava que se desunhava, a um ritmo que nós os quatro tivemos alguma dificuldade em acompanhar e ainda para mais, debaixo de um calor intenso. A Olivera, de seu nome, foi uma simpatia e durante o percurso que fizemos desde a estação de autocarros ao centro da cidade fomos conversando e conhecendo-nos melhor. Ela mora no norte da Sérvia, em Subotica, quase na fronteira com a Hungria e vinha visitar uns amigos a Belgrado. É formada em Chinês e Arqueologia, mas trabalha na organização de eventos para crianças (www.lutfestsubotica.net). Tem um irmão em Inglaterra e costuma viajar algumas vezes. Contamos-lhe a razão da nossa viagem à Sérvia e falamos um pouco sobre o nosso país. Como se pode ver, mantivemos uma conversa bastante aberta durante todo o percurso. Ao chegarmos ao centro da cidade, quando nos despedimos, deu-nos o seu cartão de visita caso viéssemos a necessitar de alguma coisa. Não podíamos esperar melhor receção na capital Sérvia.
Agora já no centro da cidade, partimos à descoberta das principais atrações. Tínhamos cerca de 3 horas para conhecer Belgrado antes de voltarmos ao congresso e o primeiro sítio que visitamos foi… uma loja de souvenirs! Ai compramos ast-shirts da praxe e umas canecas. As ruas enchiam-se de gente que deambulava pelas lojas, paravam para ver “street performers” ou então tomavam qualquer coisa nas muitas esplanadas. A Olivera tinha-nos dito para visitarmos a fortaleza de onde teríamos as melhores vistas para os rios Danúbio e o Sava. Foi para lá que nos dirigimos, passando pelo posto de informação turística onde nos deram um mapa da cidade e assinalaram alguns pontos a visitar. Munidos do mapa e dos souvenirs, lá fomos explorar Belgrado.
Chegamos à fortaleza onde existe uma exposição permanente (assim parecia) de material bélico, utilizado durante várias guerras. Aqui tem alguma experiência nessa “arte”. Tanques de combate de vários tamanhos para todos os gostos, artilharia antiaérea e até um barco estão expostos à entrada da fortaleza, junto às muralhas. O espaço é muito simpático e tem realmente uma vista fabulosa sobre os rios Danúbio e Sava, os seus canais e até uma ilha onde dizem que fica uma das praias de Belgrado. Os jardins circundantes à fortaleza são muito agradáveis e esta é certamente uma das maiores atrações da cidade. A outra, segundo dizem, é o templo ortodoxo de St. Sava que é considerado a maior igreja ortodoxa do mundo e consta entre a dez maiores igrejas do mundo. Como fica na outra ponta da cidade, já não temos tempo para o visitar. Mas havemos de cá voltar.
O restante do tempo de que ainda dispomos é passado nas ruas a ver algumas peças artísticas e artesanais que se exibem e claro, nas compras, atividade inevitável quando se passeia em ruas de lojas com duas pessoas do sexo feminino. Ainda tivemos tempo para comer um gelado pelo caminho na icebox, para regalo de ambos os sexos. Eu comi um de chocolate preto e a Marisa um de Snickers (sim, dos chocolates com amendoim) e foram sem dúvida os melhores gelados da viagem até à data.
No regresso ao autocarro, já apertados com a hora, ainda anos cruzamos com dois rapazes Portugueses que estavam a começar o Interrail a partir de Belgrado. Já na chegada ao centro, também já tínhamos encontrado duas raparigas lusas. Neste dia estávamos por tanto, pelo menos 8 Portugueses em Belgrado.
Chegamos à estação de autocarro às 19:30, mesmo a tempo de apanhar o autocarro que saia a essa hora, pelo menos assim pensávamos nós. Mas pensamos mal porque aqui existe um “processo” para se apanhar o autocarro. Sim… um “processo” o qual passo a explicar. Quando se chega à estação não temos acesso direto ao autocarro, estamos no exterior do local onde param as viaturas, separados por uns torniquetes que são a última e penosa barreira entre o passageiro e o veículo de transporte coletivo de… passageiros. Do lado de cá dos torniquetes podemos ver o autocarro, ouvir o seu trabalhar e dizer adeus aos que partem, mas para alcançarmos a viatura, há que passar pelo torniquete. Parece simples, mas acontece que para passarmos pela geringonça é necessária uma moeda! Não de dinares, mas uma moeda especial, do género das que se usavam antigamente no parque de campismo de Monte Gordo para tomar duche de água quente. Para conseguirmos a moeda, temos de ir à bilheteira mostrar os bilhetes, mesmo que estes sejam de ida e volta, como era o nosso caso. No fundo não passa de um ritual em que o passageiro se apresenta na estação e como que diz “Estou presente. Quero apanhar o meu autocarro!”.
Perante tamanha complexidade processual o resultado esperado foi demais evidente: perdemos o veículo de transporte coletivo de passageiros! Ainda pedimos na bilheteira para nos darem a moeda que depois nos desenrascávamos a correr ou qualquer coisa, mas não, aqui quem chega em cima da hora fica em terra. Para além de termos de esperar mais uma hora pelo próximo autocarro, ainda tivemos de pagar mais alguns dinares para garantir o lugar. Agora que já conheço o processo, uma vez que aqui estou aproveito para me informar dos transportes para Ljubljana, Eslovénia, para onde vamos nos últimos dias da nossa expedição.
Para fazer tempo, fomos passear até à estação de comboios, mesmo ao lado dos autocarros e em seguida já viemos para o autocarro com bastante tempo de antecedência, não fosse o processo de embarque demorado. Colocamos a moedinha no torniquete e lá entramos para o parque das viaturas com um sentimento de vitória de nos encher o ego.
E assim voltamos a Novi Sad.