Expedição aos Balcãs 2013 – Dia 9

06/08/2013, terça-feira
Montenegro
 
Antes de sairmos da Bósnia para entrar no Montenegro  passamos por uma das atrações turísticas locais perto de Mostar, a pequena cidade de Blagaj. A cidade acolheu honradamente o mosteiro Sufi, BlagajTekke, que consiste num antigo mosteiro muçulmano que foi construído todo em Madeira antes de 1664, junto à nascente do rio Buna, premiada por uma fantástica queda de água. Do complexo faz parte também um mausoléu que também pode ser visitado. O local foi bem aproveitado e hoje para além do mosteiro existem inúmeros restaurantes e barraquinhas de souvenirs que acompanham o curso do rio Buna.
O mosteiro só por si vale bem a visita. Uma construção toda em madeira de vários pisos que albergava devotos muçulmanos nas suas meditações. Para entrar no mosteiro é necessário descalçar e as senhoras são convidadas a cobrir as pernas com echarpesdisponíveis à chegada.
Passeamos também junto ao rio, do lado oposto ao mosteiro, onde um pequeno barco leva os turistas dentro de uma pequena caverna. Ao contrário da nossa experiência até então, a água aqui é gelada. Conseguimos refrescar os pés apenas durante alguns momentos aproveitando para tirar a fotografia. Ainda assim soube bem, debaixo de um sol tórrido. 
 
Deixamos o mosteiro em direção à estrada serrenha que nos iria levar até ao Montenegro
Depois de algumas curvas e tantas outras curvas num cenário típico de serra, chegamos à fronteira. O atendimento foi rápido e cordial e quando nos devolveram os documentos entregaram-nos um folheto informativo de sensibilização que alerta para os perigos na estrada. Não é preciso percorrer muitos quilómetros para percebermos rapidamente que sem em algum local essa informação era muito importante, esse local é precisamente aqui. As estradas deste lado da fronteira deixam muito a desejar, mesmo em relação às estradas na Bósnia. Apesar das vias sinuosas que temos de percorrer, vale bem a pena visitar este pequeno país.
 
Descemos da serra, contornando toda a baia de Boka Kotorska, um profundo fiorde do Mar Adriático, património mundial da UNESCO, que mais parece um enorme lago ligado ao mar por um estreito que não tem mais de 300 metros de largura. Tínhamos um apartamento reservado na cidade de Kotor, para onde nos dirigimos em primeiro lugar. Pelo caminho fomos “forçados” a fazer diversas paragens para fotografar as várias vistas para a baia, pois o cenário assim o exigia. Depois de nos instalarmos, por volta das 16:00, partimos de imediato com o objetivo de visitar umas das atrações turísticas do país. De facto só temos um dia para visitar o Montenegro e apesar de país não ser muito grande, tivemos de nos cingir a uma pequena parte da costa adriática. 
 
Chegamos pois à famosa ilha de Sveti Stefan, ou melhor dizendo, chegamos às portas da ilha. A ilha consiste numa pequena aldeia rústica à qual se tem acesso por uma estreita ponte. O que é curioso, ou ridículo, dependendo do ponto de vista é que apesar de constar em todos os cartazes turísticos do Montenegro  a ilha é propriedade privada e a entrada é interdita ao público. Trata-se de um hotel, propriedade de um qualquer endinheirado Grego, que decidiu comprar esta pequena pérola do Adriático, restringindo assim a entrada na ilha apenas aos clientes do hotel. Chegamos por tanto à entrada da ponte, onde fomos barrados pelo Staff do hotel que nos informaram que a ilha era só para clientes!
Foi ainda em Sveti Stefan que descobrimos um conceito de exploração de praia no mínimo curioso. Á entrada da praia, vimos um letreiro que informa que a utilização da praia só é permitida mediante a utilização dos equipamentos (chapéu de sol e espreguiçadeiras) do hotel, os quais tem um custo simpático de … 50€. Isto no primeiro hotel que vimos, porque noutro hotel mais à frente o valor já era de 75€. Claro que este preço é para um dia, ou seja, a praia é “pública” mas para a podermos utilizar temos de pagar o serviço do hotel, ainda que só queiramos ali passar umas horas. São espertos por aqui! Se no Algarve descobrem esta fórmula, há muito boa prática que vai receber um destes letreiros à sua entrada.
 
No final do dia, a visita a Sveti Stefan tornou-se uma grande desilusão. Demos um mergulho no único espaço que não era explorado pelos hotéis, e por isso sem espaço sequer para colocar os pés, quanto mais estender a toalha. Vimos a ilha ao longe e fizemos uma caminhada junto ao mar, passando pelas praias concessionadas. Foi ainda aqui que descobrimos que a moeda oficial do Montenegro é o Euro. Ao que parece a união europeia não autoriza formalmente o Montenegro a utilizar Euros, mas ninguém se importa com isso. É a moeda corrente do país e ponto final, o que para nós nos facilita imenso.
 
No final da tarde passamos pela cidade de Budva, um fervilhante centro turístico do país que faz lembrar o movimento de algumas cidades Algarvias no pico do verão. Um trânsito caótico e dificuldade de estacionamento são os cartões de visita desta cidade. Foi aqui que vimos pela primeira vez filas de espera para entrar nos parques de estacionamento pagos. A polícia chega mesmo a intervir para permitir que o trânsito circule. Visitamos a parte antiga da cidade, rodeada por uma muralha que pode ser percorrida a pé. Dentro das muralhas tudo está preparado para o turismo como muito comércio e restauração. Assistimos a parte de uma missa que estava a decorrer na igreja católica ortodoxa local. Como é hábito nas igrejas ortodoxas, a congregação permanece de pé durante o serviço. Não existem bancos no centro da sala, apenas alguns bancos reservados em algumas das laterais. Os crentes permanecem de pé enquanto duas pessoas entoam cânticos junto a um livro (talvez a Bíblia, não conseguimos perceber) num dos cantos da sala. Enquanto isto, uma outra pessoa trajada a rigor com um aspeto sacerdotal, circula pela sala com um recipiente de metal (Censer) espalhando incenso ativado por carvão em todas as direções. O sacerdote vai também à rua espalhar o incenso, naquilo que parece um ritual purificação. Depois de assistirmos à cerimónia continuamos a nossa visita relâmpago pela cidade. Fora das muralhas a cidade de Budva tem uma marina e uma zona comercial de pouco interesse. 
 
Saímos da cidade já de noite e fomos diretos para o centro de Kotor. De tarde não tivemos tempo para visitar Kotor, por isso decidimos ir lá jantar. Kotor é uma pequena cidade nas margens da baia de Boka Kotorska  fortificada com muralhas em todo o redor da cidade. Antes de entrarmos nas muralhas passamos pela marina onde estavam atracados os maiores barcos que vimos até então nos Balcãs. Um detalhe interessante contudo é que os barcos estão ao acesso de qualquer pessoa, isto é, não há controlo de entrada na marina para o acesso aos barcos. Eles estão mesmo ali à beira do passeio. A baia também recebe navios de cruzeiro o que deve causar um caos de gente nesta pequena cidade. Mas à hora a que chegamos já o cruzeiro tinha zarpado e a cidade estava tranquila, apesar de bem movimentada e animada.

O centro de Kotor não difere muito do que já tínhamos visto em Budva e como já era tarde, as únicas coisas abertas eram os restaurantes, bares e algum comércio. Não deixa no entanto de ser uma cidade agradável e acolhedora. Fomos à procura do jantar numa pizzaria local que estava a abarrotar de gente, possível indicador de qualidade. E de facto eram mesmo boas. Assim, com um gostinho Italiano, voltamos ao apartamento para dormirmos a nossa primeira e última noite no Montenegro.       

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