Um passeio pelo deserto: Dia 4 – Rissani, Merzouga

Dia 4 – Erfoud, Rissani, Merzouga
Depois de um merecido descanso levantei-me cedo pela manhã e comecei o dia com mais uma corrida. Desta vez fui acompanhado e lá fomos à descoberta de Erfoud num percurso que durou 30 minutos. Voltamos ao hotel onde o resto do grupo já se ia levantando e aproximando do pequeno almoço, serviço de buffet com bastante variedade e bem apresentado. Tranquilamente fomos degustando as iguarias Marroquinas e ao mesmo tempo desfrutando do hotel. O dia estava solarengo, mas o fresco do deserto não nos convenceu a experimentar a piscina.
Começamos a descer para Rissani,  atravessando o palmeiral  do Tafilalt. Na chegada a Rissani visitamos uma das portas da cidade, uma estrutura imponente que dá as boas vidas aos forasteiros que aqui chegam. Aqui, na porta, tentamos encontrar uma geocache, mas sem sucesso. Enquanto procurávamos alguns miúdos na rua obervavam-nos com atenção (smugglers). O mais certo é já a terem encontrado primeiro.

Seguimos pela rota turística de Rissani, um trajeto de 21 Km que passa por várias povoações alojadas nos Ksars, alguns em ruinas e também pela antiga cidade de Sijilmassa, outrora um dos centros de comércio mais importantes do Sahara e que no presente não passa de umas ruinas quase invisíveis. Paramos num dos Ksars habitado para uma visita. À chegada fomos logo recebidos por um grupo de crianças que nos guiaram pelos caminhos labirínticos dentro do Ksar. Os poucos habitantes locais faziam a sua vida normal enquanto passávamos, alguns tratavam dos animais, outros faziam obras nas casas, … Depois da visita continuamos o percurso turístico passando por várias outras Ksars e tirando várias fotografias. Só voltamos a parar na Ksar Oulad Abdelhalim uma das mais imponentes do circuito que estava em restauração no interior. Foi inicialmente construída em 1900 para o irmão mais velho do sultão Moulay Hassan e continua na família. O dono atual vive na Ksar, com o qual estivemos a conversar. É o herdeiro desta magnifica estrutura e mantém um pequeno museu onde mostra a história da Ksar. Pretende renovar a Ksar para a transformar num hotel e está a angariar dinheiro para a obra. No exterior está praticamente concluída. Falta ainda algum trabalho no interior da Ksar. Foi uma experiência muito interessante pois tivemos oportunidade de ver a história na primeira pessoa. A última paragem do percurso foi no Mausoleum Moulay Ali Cherif, o fundador da  dinastia Alawite.

Depois de completado o circuito turístico, seguimos para Merzouga começando a avistar o Erg Chebbi ao longe. Os tons alaranjados das dunas contrastam com o castanho árido da planície do deserto. Chegamos a Merzouga e a estrada de alcatrão termina. A partir daqui é só estradão de terra. Cada condutor escolhe a sua estrada, conforme lhe dá mais jeito e os acessos às dunas são apenas mais uma estrada.


Chegamos ao Auberge África que fica mesmo junto às dunas onde fomos recebidos pelo Sr. Moka que nos foi buscar ali perto no seu carro de matricula francesa. Depois de instalados no Auberge, fomos a pé para o centro de Merzouga onde negociamos o jantar. O menu completo ficou por 60 dirhams por pessoa. Enquanto nos preparavam o jantar fomos conhecer a única rua digna desse nome de Merzouga, onde estão as lojas e mercearias da cidade. Tudo se situa ao longo da rua principal que não tem mais de 300 metros de comprimento e em terra batida. Assim que o jantar ficou pronto lá fomos comer. Desta vez fugimos das tagines e fomos experimentar outras coisas, como as omeletes berbérs e espetadas de cordeiro. Depois de uma refeição farta voltamos ao auberge para descansar. Mas antes de ir dormir, ainda fomos experimentar as dunas, e logo da maneira mais radical. Enquanto alguns se preparavam para ir para o aconchego, carregamos o Patrol com as pranchas de snowboard e bodyboard e fomos para a duna logo ali ao lado “surfar”. O sandboard é o surf do deserto e o auberge disponibiliza esse material gratuitamente para os hóspedes irem delirar para a dunas. Ninguém costuma no entanto fazer isto à noite, mas que forma mais radical há para abordar o deserto? Lá fomos todos contentes escorregar pelas dunas abaixo. O pior é quando temos de levar as pranchas de novo para o topo. Enquanto esperávamos uns pelos outros sentados no topo da duna, apreciamos o céu estrelado. Ali no escuro, sentados na areia a olhar para o céu, percebemos que estávamos num sitio especial!

Voltamos ao auberge para dormir, agora mais serenos com o embalo das estrelas.


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