Dia 7 – Gargantas do Dadès, Ouarzazate, Marraquexe
Arrumamos as coisas nos carros, fizemos as contas com o hotel e seguimos viagem desfiladeiro acima. A estrada é famosa pelas vistas panorâmicas que proporciona do desfiladeiro, pelo traçado sinuoso que é uma delícia e pelas várias aldeias típicas por onde vai passando. Seguimos até à parte mais famosa, que é um conjunto de curvas com uma percentagem significativa de inclinação, que é só por si uma atração imperdível. Depois de chegarmos ao topo estacionamos num parque de estacionamento de um restaurante de onde podemos avistar grande parte do desfiladeiro e o troço mais sinuoso que acabamos de passar.
A estrada continua mas a nossa próxima paragem é no sentido contrário, logo temos de voltar para trás. Na volta paramos em algumas aldeias onde somos abordados rapidamente pelos vendedores das lojas. Na primeira paragem, tentamos negociar uns tambores berberes que estavam expostos à porta da loja. Tentei incluir no negócio um ukelélé que levo de Portugal, que apresento como um instrumento tipicamente português de muito valor. Conversa para aqui, conversa para lá em Francês “a murro”, lá nos convida para ir tomar chá à loja e ver outros tambores. Em Marrocos a pior coisa que um turista pode fazer é ir beber chá a uma loja e depois não fazer negócio. É uma ofensa daquelas… Como percebemos que não íamos fechar o negócio nos nossos termos, agradecemos a oferta e metemo-nos ao caminho.
Nesta altura já percebemos que nesta região de Marrocos o negócio não se limita a negociar preços mas também a trocar coisas. Como as pessoas estão bastante isoladas dos grandes centros urbanos, tudo o que possam conseguir dos viajantes é sempre bem vindo. Paramos numa outra aldeia, onde a abordagem dos locais foi idêntica. As lojas são pequenas garagens transformadas que também servem de habitação aos vendedores. Numa das lojas mais afastadas vimos umas guitarras rústicas caseiras feitas em pele muito interessantes. O dono da loja é que as construía e já tinha tocado em várias partes do mundo e exibia os seus feitos orgulhosamente em CD’s que vendia na loja. Ao lado dessa loja encontramos outra que também tinha tambores berbers. O senhor muito simpático convidou-nos para vermos os seus produtos e lá começamos a negociata. Vimos que estava a ser um dia fraco para o negócio e esta família, um casal com um filhote com cerca de 6-8 anos de idade, tinha de se manter de qualquer forma. Conseguimos negociar dois tambores por alguns dirahms mais o ukelélé e algumas peças de roupa antigas do André e do Pedro. A família ficou toca contente e nó seguimos satisfeitos com os novos instrumentos musicais.
Seguimos viagem para Marraquexe atravessando o Alto Atlas numa estrada seriamente acidentada que por vezes fica cortada devido à forte queda de neve na região. Paramos numa povoação a norte do Atlas para jantar e comprar frutos secos. Num dos restaurantes, aproveitamos para ir à casa de banho, descendo umas escadas para uma cave onde estavam pessoas a dormir, outras a fazerem as suas orações o onde finalmente encontramos a casa de banho, a pior que vi em Marrocos até hoje.
Entramos em Marraquexe pelo lado norte, pela porta Ben Kechich, onde nos encontramos com o Kalil, que nos levou por dentro da Medina até à riad onde iriamos ficar na cidade. Nunca pensei andar de Nissan Patrol na Medina, mas o que é facto é que chegamos quase à porta da riad de carro. Descarregamos a bagagem e fomos estacionar fora da Medina onde pagamos a um “segurança” para nos guardar os carros. Voltamos a pé à riad onde nos juntamos para ir passear pela Medina. Á hora a que saímos já o comércio estava todo fechado o que facilitou o primeiro contacto com a Medina, ainda assim confusa no seu emaranhado de ruas e becos. Ainda assim, a experiência foi ligeiramente assustadora para os menos experientes nestes cenários urbanos. Chegamos à praça Jemaa el-Fnaa onde encontramos um ambiente fervilhante contrastando com o apagão das ruas por onde tínhamos passado. Demos uma volta pela praça, fomos jantar e regressamos à riad para descansar.