Bogor
No dia seguinte depois do pequeno-almoço apanhamos um autocarro à porta do hotel para a estação de autocarros a sul da cidade. Dai seguimos viagem para Bogor, uma pequena cidade a três horas de Bandung, perto de Jakarta. Ora, Bogor surge no mapa turístico por causa de um jardim, o que não deixa de ser curioso. O jardim botânico no centro da cidade é a principal atração e só percebemos por quê quando lá chegamos. Tínhamos lido que numa certa ocasião em que o antigo presidente Norte Americano George W. Bush veio à Indonésia, este foi o único local que quis visitar. Chegamos pois com alguma curiosidade! A primeira reação surge com a dimensão do jardim. Para um jardim no centro da cidade é mesmo muito grande. Aliás, o jardim é praticamente o centro da cidade o resto da cidade está na periferia. Cobre uma área de 87 hectares. Se olharmos no mapa, Bogor é uma mancha verde com um lago rodeada de estradas. Depois da dimensão vem a diversidade de espécies que é ainda mais surpreendente, com perto de 14 000 espécies diferentes de árvores e plantas de várias origens. O jardim foi fundado em 1817 por ordem do governo das Índias Orientais Holandesas e mais tarde tomado pelos britânicos depois da invasão de Java em 1811. Sir Stamford Raffles foi nomeado governador da ilha e usou o palácio como sua residência. A sua esposa viria a falecer ali em 1814. O jardim continua hoje imaculado e é tratado como umas das joias mais preciosas do país.
Passamos algumas horas a passear pelo jardim. Vimos o lago de nenúfares gigantes, o jardim Mexicano com a sua vasta coleção de catos, o memorial da Lady Raffles, entre outros. Fomos ainda abordados por um grupo de jovens estudantes que nos pediram se podiam fazer uma entrevista para a escola. Fizeram-nos algumas perguntas sobre a cultura e costumes da Indonésia mas uma vez que estamos à pouco tempo no país receio não ter sido uma grande ajuda. Dentro do jardim está também o palácio real que só pode ser visto do lado de fora, uma vez que se encontra encerrado ao público. Do jardim seguimos a pé para a estação onde apanhamos o comboio para Jakarta. A confusão de gente é tremenda e as filas para comprar bilhete são várias, mas ao fim de algum tempo lá conseguimos comprar o bilhete e embarcar.
Jakarta
A viagem de Bogor a Jakarta leva cerca de uma hora num comboio urbano que parece o nosso metro de Lisboa. A nossa estação em Jakarta é a ultima paragem e antes de chegarmos avistamos o monumento nacional na Merdeka Square. Por fim chegamos à estação de Jakarta Kota na parte antiga da cidade. O hotel que reservamos fica muito próximo da estação. Depois de instalados vamos passear até ao centro histórico de Jakarta, que em tempos foi chamada de Batavia, a sede do império Holandês das Índias Orientais. Não admita que se encontrem tantos turistas holandeses na Indonésia. O tempo está de chuva e por isso o mercado noturno está a meio gaz. Algumas barraquinhas começam a ser arrumadas enquanto outras tentam proteger-se da chuva como podem. Nós acabamos por ir jantar num restaurante recomendado no hotel. Desta vez escolhemos algo tipicamente Indonésio. Pedimos espetadas de galinha com um molho de amendoim e um outro prato vegetariano com vários tipos de tofu e um arroz com leite de coco e especiarias. Muito bem servido e bastante agradável, ao contrário do tempo lá fora que agora já nos brinda com trovoada e chuva forte. Aproveitamos para relaxar até que o tempo melhore.
No dia seguinte temos de aproveitar bem a manhã porque temos voo às 14:40. Deixamos as mochilas no hotel para andarmos mais leves e fomos visitar a parte histórica mas agora durante o dia. Conta-se que os Holandeses queriam transformar Batavia na Amesterdão do império das Índias Orientais e por isso a cidade tem muitos canais mas a semelhança com a Europa está longe de ser conseguida, principalmente devido ao lixo e à sujidade. Posso dizer que esta cidade é imunda. Muitos dos esgotos estão a céu aberto e é comum verem-se ratos a correr pelas ruas ou no meio das pilhas de lixo. Imagino como isto será em tempo de cheias! Não creio que tenha sido isto que os Holandeses imaginaram. A Fathilla square é o centro do movimento nesta zona da cidade onde estão localizados os principais museus e edifícios históricos. No centro da praça encontram-se uns canhões de ferro mas é dentro de um do museu xxxxx que está guardado um dos canhões Portugueses que foi saqueado pelo Holandeses quando tomaram a cidade de Malaka, na Malásia. O museu está fechado por isso seguimos o passeio, agora junto aos canais pestilentos até à antiga torre de vigia, um edifício histórico junto ao cais. Junto à torre está um museu marítimo, o museu Bahari e algumas pequenas lojas que vendem artesanato local. Perto do museu fica o mercado de peixe e depois de tanto lixo e sujidade já estamos por tudo. Afinal isto não pode piorar muito. A zona do mercado foi em tempos o principal centro de negócio de Batavia, uma vez que era por aqui que entravam e saiam os bens e mercadorias da cidade. Hoje é apenas mais um mercado sujo numa zona suja da cidade onde se compra e vende peixe de aspeto duvidoso.
Regressamos à zona do hotel mas antes de irmos buscar as malas vamos visitar uma igreja. A Indonésia é um país maioritariamente muçulmano por isso igrejas não são muito comuns. A “Gereja Sion” construída em 1695 tem a particularidade de ser a igreja mais antiga na Indonésia ainda de pé e deve a sua existência … aos Portugueses. Não que tenha sido construída por nós, nada disso, nós não temos obra feita aqui na Indonésia. Foi construída pelos Holandeses que lhe deram o nome de “New Portuguese Outer Church” para os chamados “Portugueses escuros”, escravos euroasiáticos e nativos que vieram capturados dos portos de comércio da India e da Malásia. Vejam bem que simpáticos os Holandeses … Parece que os portugueses ainda comparticiparam os custos da obra! O exterior do edifício é composto por um jardim e um pátio onde estão algumas campas, entre elas a de um antigo governador. A Igreja está fechada mas um dos seguranças vem ter connosco e quando percebe que somos Portugueses oferece-se para nos abrir a porta e mostrar-nos o interior. Lá dentro guarda-se um órgão de tubos e outras relíquias da Cristandade Católica Romana.
Voltamos ao hotel para apanhar as malas e seguir para o aeroporto. Primeiro de Angkor, aqui são azuis cor do céu, e depois de táxi. O próximo destino é Yogyakarta na parte central de Java.
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