Indonesia, Java – Yogyakarta

O aeroporto de Yogyakarta é em tudo semelhante ao de Bandung. Já em Jakarta o aeroporto segue os padrões internacionais. No entanto, o terminal onde embarcamos para os voos domésticos é moderno mas muito pequeno. Bom mas de volta a Yogyakarta, lá seguimos a pé pela pista até entrarmos no minúsculo terminal. Á semelhança de Bandung compramos o bilhete do táxi no quiosque no terminal e seguimos diretos para o hotel na zona da Jl. Prawirotaman. A zona fica afastada da parte mais central de Jalan Malioboro mas tem uma oferta vasta quer de alojamento quer de restauração e é de fácil acesso.

Chegamos ao hotel já ao final da tarde e depois de nos instalarmos fomos passear pela cidade. Subimos pela Jl. Parangtritis até ao cruzamento com a Jl. Mayjend Sutoyo. A partir dai entramos na zona do Keraton, um complexo no centro da cidade que aloja o palácio do sultão de Yogyakarta. O Keraton é o centro cultural da cultura javanês. O complexo é todo murado com casas típicas, restaurantes e lojas, principalmente de batiques (já volto aos batiques). É uma espécie de bairro muito agradável no centro da cidade. Uma das áreas mais movimentadas é a praça Alun Alun, um espaço verde ligeiramente maior do que um campo de futebol onde vem desembocar todo o movimento do Kraton. É também nesta praça que fica a entrada principal para o palácio, mas à hora que passamos já está fechado. Na praça, a escureza da noite é interrompida por uns veículos muito particulares! Trata-se de vários modelos de “carros” a pedais extravagantemente iluminados com mangueiras de leds de todas as cores que parecem esgrimir argumentos por protagonismo. Para além do formato e da iluminação que confere o requinte particular, cada um tem ainda o seu próprio estilo de música e sistemas de áudio que são de fazer inveja a muitos aficionados do “tunning” automóvel. Alguns tem até Karaoke! Uma ideia extraordinária para um passeio agradável e colorido. Pena que só alugam os veículos para andar à volta da praça, mas ainda assim não deixa de ser genial.

Deixamos o Kraton e continuamos para a Jalan Malioboro, a rua mais movimentada da cidade e o principal centro do comércio de Yogyakarta. Ora bem aqui vende-se muita coisa, mas a dada altura parece que só vimos batiques. Os batiques são de facto uma das principais atrações de Yogyakarta. A cidade é famosa pela confeção de batiques que podem ser feitos das formas mais artesanais ou das mais industrializadas e os preços podem variar desde 1$ até às centenas de dólares.  Por isso a oferta é farta, imensa e chega mesmo a ser doentia. Sim porque vários problemas podem surgir depois de horas e mais horas a ver batiques de todas as cores e padrões. A Jalan Malioboro tem lojas de ambos os lados mas provavelmente 70% delas são de batiques e variam das mais informais tipo bazar até às mais requintadas onde os clientes têm um atendimento personalizado. Yogyakarta é a capital dos batiques, ponto. As restantes lojas vendem artesanato ou produtos alimentares. Para além das lojas também existem muitos restaurantes e alguns hotéis. A rua é muito vibrante com movimento de gente sempre a passar e os riquexós ora a circularem, ora estacionados ora à espera do próximo freguês. É um ambiente muito engraçado.

Depois de nos perdermos durante algum tempo no meio dos batiques, os nossos olhos já tem alguma dificuldade a distinguir cores e padrões (mais um sintoma de que algo de grave pode vir ai). Começa a chover e decidimos voltar ao hotel de riquexó. Aqui temos dois tipos de riquexós, os motorizados e os movidos a pedal. Os primeiros são mais rápidos mas barulhentos, alguns extremamente barulhentos, os últimos são silenciosos mas mais lentos, dependendo da “força motriz” e da disposição do condutor. Optamos pela segunda opção e seguimos num aconchegante riquexó debaixo de uma coberta de plástico transparente que nos protege da chuva. A distância é de sensivelmente 4 Km desde a Jalan Malioboro até ao hotel em Jl. Prawirotaman.

Na rua do nosso hotel existe uma oferta farta de restaurantes e de diferentes gastronomias. Acabamos por escolher o ViaVia Jogjakarta que parece ter um ambiente muito agradável. Temos de esperar por uma mesa disponível pois está concorrido. Enquanto esperamos visitamos a loja ao lado pertencente ao restaurante que vende produtos artesanais num conceito de “Fair trade”. Para além do restaurante e da loja, o Via Via tem também uma guest house, uma agência de viagens e ainda uma padaria. É um conceito interessante. Acabamos por comprar uns pães de cereais para a entrada enquanto esperamos pelo jantar. No andar de cima funciona uma espécie de bar mas nem mesmo ai existem mesas disponíveis. Está a decorrer um espetáculo de jovens travestis que cantam elegantemente vestidos para delírio dos clientes. Finalmente chega a nossa vez. Pedimos comida tradicional javanesa que vem muito apresentável, saborosa e em quantidade adequada. Uma ótima refeição a terminar o dia.

Borobudur & Prambanan

No dia seguinte o despertador toca às 4:30 (da manhã). O tour para os templos vem nos buscar ao hotel às 5:00. Compramos os bilhetes diretamente no hotel pois os preços que vimos lá fora eram semelhantes. Vamos visitar os dois templos mais famosos de toda a ilha de Java. Primeiro vamos a Borobudur e depois seguimos para Prambanan.

Borobudur é um templo budista do séc. IX e é um dos principais, se não o principal, monumento da Indonésia e classificado como património mundial da UNESCO. Os templos são a principal razão para visitar Yogyakarta, apesar de serem localizados fora da cidade. Para chegarmos a Borobudur levamos quase uma hora numa mini-van. Chegamos mesmo na abertura já o dia tinha nascido. Há outros tours para ver o nascer do sol, mas esses ainda saem mais cedo e levam para um monte perto para se ver o sol a nascer sobre o templo. 

No parque oferecem café, chá ou água à chegada e antes de entrarmos aproveitamos para tomar o pequeno-almoço de saco que o hotel nos preparou. Á entrada dão-nos um “sarong” (um manto para cobrir as pernas) para podermos entrar reverentemente no templo. O facto de chegarmos cedo é bom, pois o templo está praticamente vazio, somos dos primeiros grupos a entrar e assim conseguimos tirar fotografias só do templo. 

O parque onde se situa o templo só por si já é muito agradável. Está irrepreensivelmente limpo e coberto por zonas verdes com várias espécies de plantas e árvores. Das zonas verdes temos várias vistas fenomenais para o templo. Subimos lentamente os vários patamares num percurso circular apreciando a impressionante peça arquitetónica bem como a paisagem envolvente. A estrutura tem nada menos do que 1460 painéis em relevo nos muros e balaustradas e é a maior concentração de relevos budistas do mundo. São no total três plataformas em forma de pirâmide e na plataforma no topo encontramos a famosa imagem de marca do templo. 

Uma stupas gigante ao centro rodeada por 72 stupas mais pequenas em forma de sino e uma estátua de buda a observar a planície. É deveras uma obra digna de ser apreciada. Não deixa no entanto de ser curioso que a principal atração turística da Indonésia, um país maioritariamente muçulmano, seja um templo Budista. A ilha de Java é maioritariamente devota ao Islão e Borobudur é a única referência ao budismo que resta na ilha e das poucas em todo o país.

Para além do templo principal existem ainda outras atrações menores no parque, como um museu naval e um outro museu que conta a história da recuperação do templo com mais algumas peças recuperadas. Para além disto existem ainda centenas de barracas umas a seguir às outras ao longo de toda a estrada que vai de um museu ao outro a vender todo o tipo de traquitanas que se possa imaginar, mas parece que aqui na Indonésia isso é comum. Pelo menos preservam a solenidade do templo e ai não há barracas.

Deixamos Borobudur à hora combinada com o motorista e seguimos em direção ao outro complexo de  Prambanan que fica no sentido oposto, a leste de Yogyakarta. Pelo caminho paramos num templo mais pequeno junto a um mosteiro budista. É um templo pequeno que não justifica uma viagem propositada, mas já que fica a caminho é uma oportunidade de visitar. 

Depois de uma curta paragem para a visita seguimos viagem pelo meio rural entre vilas e arrozais até chegarmos a Prambanan. Á chegada temos os mesmos salamaleques com as bebidas de boas vindas e novamente o “sarong”. O parque é grande e os templos estão espalhados. A parte mais importante é o templo Shiva, um conjunto de santuários dedicados a várias divindades hindus. É uma correria de subir e descer escadas para conseguirmos ver todos. 

Depois do complexo principal vamos procurar os menos vistosos. Alguns estão fechados a visitantes para recuperação, outros estão em recuperação mas podemos visitar de qualquer maneira. Parecem mais abandonados do que em recuperação. No complexo principal vimos várias pessoas a trabalharem na recuperação de várias estruturas mas nestes não se vê viva alma e são poucos os turistas que aqui veem. O parque tem ainda uma zona com veados em cativeiro onde os visitantes podem interagir com os animais. Um senhor numa mota, vende cenouras para quem quiser dar de comer aos bichos.


Voltamos ao hotel ao início da tarde. Já temos uma série de horas de “trabalho” em cima por isso decidimos gastar parte da tarde na piscina no relax. Depois do merecido descanso e ainda com algumas horas de luz resolvemos ir novamente passear até ao centro. Passamos novamente pelo Kraton que já está fechado. Tivemos de optar entre os templos ou o palácio porque não dá tempo para ver tudo no mesmo dia. Optamos pelos templos. Pelo caminho para o centro fomos a um shopping tecnológico, um daqueles edifícios como vimos na Malásia onde só se vendem produtos tecnológicos e compramos um filtro e um para sol para a máquina fotográfica para completar o nosso kit. A partir daqui foi visitar mais lojas de batiques até chegarmos à Jalan Malioboro para fazer umas últimas compras. Um facto curioso e impressionante é que a Marisa depois de ver literalmente milhares de batiques não conseguiu encontrar nenhum que lhe agradasse. Quer dizer encontrar parece que até encontrou alguns (poucos) mas todos cujos preços tinham mais do que um algarismo. No fim não comprou nenhum. Enfim … vá-se lá entender isto! Ele há coisas que não se entendem, simplesmente aprendemos a viver com elas.

Por agora já chega de Java.

Leave a Reply

Your email address will not be published. Required fields are marked *