Baviera & Tirol, Dia 2 – Innsbruck

Dia 2 – Da neve a Innsbruck

Esta manhã o sol já brilha lá fora mas a temperatura mantém-se pouco convidativa para banhos de sol. O tempo não está como gostaríamos, a nevar. A neve só chega lá mais para o fim do mês de dezembro e cada vez está a chegar mais atarde, efeitos do aquecimento global, diria eu. Para encontrarmos neve temos de ir para uma altitude mais elevada. Depois de tomarmos o pequeno almoço no hotel fazemo-nos à estrada. Paramos no centro da cidade para conhecer agora de dia. A Nikky aproveita para brincar num parque infantil agora que o tempo está mais convidativo. Perto do vale de Oetz existem várias estâncias de ski, onde por esta altura já há alguma neve. Uma das mais famosas é Solden, uma pequena cidade dos Alpes que recentemente foi catapultada para a fama, devido à rodagem do último filme da saga de Ian Fleming, o 007-Spectre. Na memória dos que assistiram à película como eu, fica o também agora famoso restaurante Ice Cube, no topo dos Alpes, a 3048 metros de altitude. Foi a partir de aqui que teve início uma frenética perseguição de carros pelos Alpes, numa das muitas cenas de ação do filme.

Solden fica para sul e ainda é um pouco distante de Oetz. Para aproveitarmos melhor o dia decidimos seguir para nordeste e paráramos numa outra estância menos mediática no caminho para Innsbruck. Seguimos por uma estrada de montanha muito simpática com muitas curvas e acompanhados de uma paisagem muito tranquila. A temperatura vai descendo e começamos a ver os primeiros registos de neve. Paramos numa pequena povoação de nome Ochsengarten que já conta com uma boa camada de neve. O sol parece que ficou lá em baixo no vale e a temperatura está mesmo de arrepiar. Estacionamos o carro já em cima da neve. 
A Nikky vai ter o seu primeiro contacto com a neve e para isso tem de estar devidamente equipada. Como é natural, leva o seu tempo a vesti-la, de tal modo que ela começa a ficar impaciente. Mas dentro do carro não se tem ideia do frio que faz lá fora. Ao fim de algum tempo a Nikky está pronta para o frio. Passamos uma pequena ponte de madeira sobre um rio meio congelado que dá acesso à um caminho que sobe a montanha. O caminho está coberto de neve e de gelo. Assim que ela vê a neve fica eufórica e começa a saltar e a rebolar por todo lado. Não sei se ela está convencida de que a neve é uma espécie de areia mas de cor branca, mas o que é certo é que ela lá fica a rebolar pelo chão toda contente. Está toda destemida e nós por momentos limitamo-nos a contemplar a sua felicidade. É um daqueles momentos que só conseguimos captar uma vez na vida. Uma reação espontânea a algo que para ela é totalmente novo e desconhecido.


A Nikky quer ficar na neve o reto do dia. Subimos mais um pouco pelo caminho com muito cuidado pois está gelado e escorregadio. Encontramos mais um espaço para ela brincar com “outra” neve. Ao fundo está um canhão de neve artificial a projetar neve para uma pista de ski. Tiramos varias fotografias, mas com a Nikky é complicado porque ela continua mais interessada na neve. É natural. Afinal de contas foi para isso que ela cá veio e não para estar a pousar em frente às câmaras.

Depois de muito trabalho para a convencermos, lá conseguimos voltar ao carro, com a promessa de que iríamos procurar uma neve mais mole. Continuamos pela estrada de montanha até chegarmos a um grande lago criado por uma barragem. A água turquesa desperta a nossa atenção e páramos para tirar algumas fotografias. Como já estamos numa altitude superior, está sol e pouca neve no chão, para descontentamento da Nikky. Mas não perdemos muito tempo.



A próxima paragem é na estância de Kühtai que já está com bastante movimento. Com vários teleféricos a funcionar as pessoas espalham-se pelas várias pistas e o ambiente é muito tranquilo. Estacionamos o carro e damos uma volta por ali. A Marisa e a Lucy encontram logo umas lojas para visitar. Eu vou com a Nikky para a neve.
Por detrás dos edifícios onde estão as lojas e vários restaurantes, encontramos uma pista de aprendizagem onde estão muitas crianças de diversas idades a dar os primeiros passos nos skis. Alguns são tão pequeninos que andam apenas puxados por trenós com os pais. Junto à pista está  um pequeno parque infantil com algumas estruturas em plástico para as crianças brincarem. A Nikky fica encantada com este parque na terra do frozen. Talvez tenha sido a Elsa que o mandou construir, ou então a Ana! Vá-se lá saber… Ainda não encontramos nenhuma delas, mas para já estamos mais interessados em brincar no parque. Entretanto outras crianças juntam-se à brincadeira. As escadas que dão acesso ao escorrega estão cheias de gelo. Temos de o partir primeiro para subir. A Nikky guarda alguns blocos para oferecermos à Lucy e à Marisa.

Começamos a construir um boneco de neve, mas a neve ainda não está no ponto. A Nikky quer fazer um buraco e depois um castelo. Lá está … julga que está numa praia diferente das do Algarve. Quando as manas chegam das lojas a Nikky entrega-lhes os seus presentes e continua nas suas brincadeiras, ora no escorrega, ora na cozinha a fazer sopa. Depois de muita brincadeira lá conseguimos, mais ou menos convencer a Nikky a irmos embora. A próxima paragem é Innsbruck, a capital dos Alpes austríacos.

A viagem até Innsbruck é rápida, demoramos cerca de 45 minutos, o suficiente para as manas dormirem uma soneca. Esta vida de andar sempre nas “lojinhas” é extenuante! Vamos diretamente para o Alpine Zoo para visitarmos a fauna dos Alpes. O Zoo tem uma variedade interessante de animais e é muito agradável de se visitar. Fica já numa montanha colada à cidade e os animais estão espalhadas encosta acima, por isso temos de andar bem durante a visita. 

A Nikky vai no carrinho se não ninguém aguenta com ela. Vimos muitas aves de rapina, com mochos à mistura, linces, lobos, alces, muitas cabras monteses, ursos, répteis e até animais da quinta, como ovelhas, vacas, cabras e porcos. O animais da quinta foram os que a Nikky mais gostou. Muitos dos animais, especialmente os mais pequenos, como os répteis são difíceis de ver porque estão resguardados do frio. Outros como o urso, por exemplo, são muito amistosos e sociáveis. O Zoo tem também um espaço interior com aquários com algumas variedades de peixes. A visita termina no parque infantil, um espaço muito engraçado onde as várias diversões da pequenada parece que estão embutidas na natureza.

Depois do Zoo descemos para o centro para irmos conhecer a cidade. Já é noite. Entramos num estacionamento subterrâneo mas não está fácil arranjar lugar.  A cidade está cheia de gente que vem visitar os típicos mercados de natal. Quando já estávamos prestes a desistir eis que um carro decide sair e deixar-nos um lugar tão esperado. Logo à saída do parque temos um mercado de natal com carroceis e muitas barraquinhas. Há muita gente na rua apesar do frio. Atravessamos a estrada para o centro da cidade onde há também barraquinhas por toda a parte, mas de uma forma ordenada. Muitas delas são de petiscos e servem principalmente o tal vinho quente que é muito apreciado por está gente. Muita gente anda de copo na mão para irem atestando de quando em vez. O mercado natalício quase que encobre a riqueza arquitectónica da cidade. 

Os edifícios antigos extremamente cuidados, muitos com pinturas nas fachadas, transportam-nos para outros tempos. Percorremos as ruas da cidade, na medida do possível e mal se consegue ver o que se vende nas barraquinhas tal é o mar de gente que as circunda. Por baixo das fachadas dos edifícios há muito comércio, em particular lojas para turistas. Enquanto passeamos pelas ruas, uma pequena orquestra de instrumentos de sopro toca músicas de natal de uma varanda de um dos edifícios da cidade. A música quase que passa despercebida com o movimento de pessoas. Paramos um pouco para escutar, enquanto que ao nosso lado continuam a beber copos de vinho “quentinhos”.

Num dos edifícios da cidade reparo numa placa curiosa que conta a sua história. Trata-se do hotel Goldener Adler o mais antigo da cidade a funcionar desde 1390. Aqui já ficaram hospedados vários ilustres, tais como Goethe, Jean Paul Sartre, entre outros.
Depois do passeio e de algumas paragens da praxe nas “lojinhas” para comprar mais umas bugigangas, decidimos ir jantar. As opções não são muitas. É estranho uma cidade tão turística como esta não ter mais restaurantes no centro. No primeiro que tentamos entrar dizem-nos que já não há lugar. Acabamos por ir a um restaurante italiano que também está a abarrotar. Mas nesse ainda conseguimos uma mesa. Depois de escolhermos o prato, servem-nos rapidamente e estão sempre clientes a sair e a entrar. Têm um sistema bem montado. Muita gente a servir e pratos rápidos. Aproveitamos o jantar para recuperar do frio, pois à noite está gelada.

Depois do jantar voltamos ao carro, mas como para chegarmos ao estacionamento temos. De passar no mercadinho de natal, ainda há tempo para mais umas compras. Numa das barraquinhas vendem-se ferramentas de chocolate, isto é, alicates, chaves de fenda, tesouras, martelos, entre outras, tudo feito à base de cacau. É muito engraçado é com certeza que deve ser muito saboroso comer uma chave inglesa. A Lucy comprou uma tesoura para oferecer. O problema vai ser na hora de comer! Conhecendo o destinatário da oferta, este terá um terrível dilema entre guardar a recordação ou ceder à tentação de degustar o precioso cacau dos deuses.

Depois dos chocolates e outras “comprinhas”, e de um agradável passeio pelas ruas de Innsbruck, deixamos a capital dos Alpes, de regresso à Alemanha. Esta noite vamos dormir em Füssen.

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