Dia 1
No dia anterior chegamos a Viena já de noite. Fomos da estação para o hotel, que fica um pouco distante do centro histórico, demos uma volta a pé pela zona e pouco mais fizemos. Hoje vamos começar a visitar a cidade. Como vamos passar aqui alguns dias e Viena é uma cidade grande, decidimos comprar um bilhete de transportes para os três dias.
Seguimos logo para Stephanplatz, a praça central da cidade, onde se situa a grande catedral de St. Estêvão ao qual o lugar foi buscar a sua toponímia. Assim que saímos do metro somos imediatamente interpelados por uns senhores, quais Amadeus Mozart’s que nos tentam impingir concertos de música clássica na cidade. Aqui à volta da catedral são uma praga. Lá ouvimos a lengalenga e seguimos para a catedral. O interior é bonito e muito frequentado, mas a maioria são turistas, tal como nós. No exterior e à volta da catedral são obras por todo o lado. A praça está a levar um piso novo, depois de terem construído um parque subterrâneo e a própria catedral está toda a ser restaurada no exterior. Mal se conseguem ver algumas paredes. Como se pode imaginar a azáfama é grande entre as obras, vendilhões de concertos, charretes puxadas a cavalo e turistas.
Tomamos uma rua menos movimentada até à casa de Mozart (o verdadeiro, não o que encontrei à saída do metro). Um grupo de asiáticos delicia-se a tirar fotografias à porta nas mais variadas posições. Enquanto esperamos pela nossa vez, reparamos numas janelas com fotografias de ilustres conhecidos. Depois de vermos com mais atenção, trata-se de uma exposição espalhada pelas janelas de um conjunto de ruas desta zona com fotografias relacionadas com a paz mundial. Imagens de vários prémios Nobel da paz e outras personalidades influentes na promoção da paz dão cor às ruas da cidade. Ali perto fica também um pequeno museu que podemos visitar onde explica um pouco do projeto e com alguma literatura disponível sobre o tema. Fica num pátio muito simpático, onde também esta localizada a associação de escritores de Viena.
Depois de visitarmos o museu voltamos à casa de Mozart. É uma casa banal como as outras desta parte da cidade. Não fosse a placa informativa, nem se reparava. No interior alberga um museu sobre o famoso compositor vienense. Tiramos algumas fotografias e continuamos pelas ruas.
Na nossa deambulação típica pela cidade demos com um grande relógio onde se junta um grande grupo de pessoas. Pelo que parece trata-se de uma peça importante na cidade. É conhecido como Ankeruhr e pela decoração e pelo amontoado de gente, deve fazer qualquer coisa de interessante. Isso é aliás habitual em muitas cidades europeias, como exemplo na Grand Place de Bruxelas ou na Marienplatz em Munique onde está sempre muita gente para ver as animações destas praças. Esperamos pela hora certa e lá começa o “baile”. Ao som da música, os mostradores das horas e minutos vão-se mexendo e com eles vão passando pequenas figuras de ilustres personagens para cada hora. Numa placa ao lado explica quem são todas as figuras. Á hora certa todas vêm dar um ar de sua graça e nós seguimos pelas ruas antigas de Viena.
A próxima paragem é a Igreja de São Pedro, uma igreja de arquitetura arredondada, ladeada por duas ruas. Entramos para conhecer a igreja, onde encontramos um folheto informativo em Português, o que não é muito comum. Percorremos os vários altares circulares e leio uma referencia ao St. António, mas não o consigo identificar no respectivo altar. Não sei se é o mesmo santo padroeiro de Lisboa, mas de qualquer forma também não o vi.
Apanhamos o metro para fora do centro, para a zona de Prater. Vamos visitar o estádio Ernst Happel, antigo estádio do Prater, onde o FC Porto se sagrou campeão europeu pela primeira vez em 1987, com o imortalizado golo de calcanhar de Madjer. Não viesse eu com um adepto fervoroso do FC Porto e nunca me teria passado pela cabeça vir a tal sítio. Mas compreendo que o nosso amigo Rika não pudesse deixar passar esta oportunidade de estar fisicamente num local que para ele é uma referencia histórica e da qual ele só teve conhecimento passados alguns anos do feito. Sim porque nesse ano ele ainda não se lembrava de ser gente. Conseguimos ver o relvado por uma porta que está aberta especialmente para os visitantes, não que haja muitos. Somos os únicos! Nas colunas à volta do estádio tem várias placas alusivas a vários eventos desportivos. Numa delas lá encontramos a comemoração do feito do FC Porto.
Depois desta viagem pela história do futebol regressamos ao metro até Rathaus, a câmara municipal. O edifício é muito bonito e podemos visitar o interior onde tem um espaço informativo com folhetos para tudo o que se passa na cidade e também um espaço exterior muito agradável onde nos podemos sentar e tomar alguma coisa. É possível ainda fazer uma visita guiada à câmara gratuita, mas quando chegamos já terminou e agora só no dia seguinte. Parece que só fazem uma visita por dia. Sentamo-nos no exterior junto a um pequeno lago para descansar e o ambiente é super tranquilo, não fosse as obras que estão a fazer no edifício. De facto está cidade parece estar toda em obras. Por todo o lado que temos passado só vimos obras. Não se consegue visitar praticamente nenhuma atração de Viena que não esteja em obras, ou sem o rãs nas imediações.
Na parte de traz do edifício da câmara fica a praça Rathaus, onde está a decorrer o festival de cinema de Viena. Para isso montaram um gigante ecrã no edifício da câmara e um grande auditório ao ar livre para as pessoas assistirem. Na mesma praça montaram também várias barraquinhas de comes e bebes com gastronomia típica de vários países. A projeção de hoje é o musical Mozart que não poderia de ser mais apropriado. O filme começa às 20:30. Planeamos vir cá jantar e assistir ao filme.
Na outra extremidade da praça fica o grande teatro Burgtheater e logo ali ao lado está o parlamento, um edifício de arquitetura inspirada nos majestosos edifícios romanos. Dai apanhamos um eléctrico até ao quarteirão dos museus. Trata-se de um conjunto de edifícios que albergam vários dos museus da cidade e é como se fosse o centro cultural artístico da cidade. Claro que existem muitos mais museus do que estes aqui presentes, mas para quem pretende ver obras de arte, este é o local. Para além dos museus existem várias lojas e um fórum de Design, galerias, uma cantina e muitos espaços para descontrair. Na grande praça museumsplatz estão cadeirões de várias cores espalhados onde as pessoas convivem, ouvem música ou leem refasteladas. Podemos passar aqui um dia inteiro que há muita coisa para ver. Até existe um museu para crianças e um pátio para elas descontraírem.
Claro que não vamos visitar todos os museus, pois isso seria uma terrível agressão aos meus rins. Entramos no Leopold Museum que alberga a coleção de Rodolf Leopold da qual fazem parte obras de dois dos mais famosos pintores austríacos: Gustav Klimt e Egon Schiele. Do primeiro já tínhamos visto algumas obras (ao vivo claro), mas do segundo foi a primeira vez. O museu tem vários pisos e obras de muitos outros autores, entre eles Oskar Kokoschka e Alfred Kubin. Num dos pisos está uma coleção de design de mobiliário e joalharia. Noutro piso tem uma coleção de quadros só de figuras femininas pintadas por vários artistas. Tem também uma instalação de esculturas de Joannis Avramidis, um artista austríaco contemporâneo e uma exposição muito louca de um artista belga de nome Jan Fabre.
Mas o que mais atrai visitantes ao museu são as várias masterpieces dos dois pintores referidos inicialmente, como o quadro “morte e vida” de Klimt ou os vários autorretratos de Schiele. Ambos foram contemporâneos e parece que o Schiele foi um discípulo do Klimt, com um traço muito expressivo que por vezes quase que assusta. Ao longo das várias obras nota-se claramente a evolução de Schiele a distanciar-se cada vez mais do estilo de Klimt. Há um período particular em que se concentrou a pintar a nudez humana, mas de uma forma em que provavelmente só ele lhe consegue ver alguma beleza.
Mas o que mais atrai visitantes ao museu são as várias masterpieces dos dois pintores referidos inicialmente, como o quadro “morte e vida” de Klimt ou os vários autorretratos de Schiele. Ambos foram contemporâneos e parece que o Schiele foi um discípulo do Klimt, com um traço muito expressivo que por vezes quase que assusta. Ao longo das várias obras nota-se claramente a evolução de Schiele a distanciar-se cada vez mais do estilo de Klimt. Há um período particular em que se concentrou a pintar a nudez humana, mas de uma forma em que provavelmente só ele lhe consegue ver alguma beleza.
Deixamos a nudez do Schiele e fomos ao mumok, um museu de arte moderna que fica no lado oposto da museumsplatz. Um edifício moderno, como não poderia deixar de ser, alberga a maior coleção de arte moderna avant-garde do centro da Europa. Chegamos já tarde e o museu já está a fechar. Dá tempo para ver a loja e claro que a Marisa não diz que não. Ainda assim, os meus rins agradecem, a carteira nem por isso. Por traz do mumok fica o centro de arquitetura de Viena, que também alberga um museu de arquitetura. Passamos pelas galerias, pelo museu das crianças. Cá fora os pequenos saltam nuns trampolins cobertos com relva artificial. Faz um efeito engraçado e eles deliram. Saímos do quarteirão pela kabinett passage, um túnel em arco com uma pintura no teto e várias exposições nas paredes.
Já de saída do quarteirão dos museus passamos pelo Volkstheater, pelo museu de história natural e o museu de Viena. Estes dois últimos ficam separados pela praça Maria-Theresien. Seguimos para o Resselpark para irmos visitar a catedral barroca Karlskirche. A igreja já está fechada para visitas porque vai começar um concerto dentro de poucos minutos. O edifício é de cor branca em frente há um lago que reflete de forma fantástica a igreja na água. Não admira por isso que esteja montes de gente sentada à volta do lago. Por trás do lago tem o imenso jardim do parque. É uma vista que vale a pena não perder.
Ao lado da igreja fica a universidade técnica de Viena. Já que estamos por ali entramos para dar uma vista de olhos. O edifício é uma combinação de arquitetura clássica com alguns pormenores modernos que entretanto lhe foram acrescentados. Os corredores antigos estão decorados com vários posters de conferencias. Mas a esta hora não anda aqui ninguém. Para além do mais estamos em período de férias.
Regressamos à praça Rathaus à hora combinada com o Rika para jantarmos em alguma das tasquinhas. A praça está repleta de povo, ao contrario do que tínhamos visto durante a tarde. As filas nas barraquinhas são enormes e arranjar um espaço para comer vai ser um desafio. O enorme auditório ao ar livre já está cheio de gente. Não se consegue arranjar um lugar. O filme está prestes a começar. Depois de uma volta pelas várias barraquinhas de comida do mundo, lá escolhemos o que comer: batata assada com queijo, ou dito de uma forma mais fina, raclette. Para sobremesa provamos uns doces fritos em cerveja com recheio de framboesa. Lá arranjamos um espaço numa mesa em pé para comer. Depois do jantar fomos assistir um pouco ao musical do Mozart, também em pé. No regresso para o hotel apanhamos o tram nº 2 que faz a volta pelos locais mais icónicos da cidade, como por exemplo a casa da ópera.