Agosto, 2017
Dia 2
Começamos o dia na rua mais estreita de Praga. É uma rua pedestre que até tem um semáforo para evitar o engarrafamento de peões. Fica na zona de Malá Strana. Hoje tiramos o dia para visitar o castelo de Praga. Como se tratam de vários edifícios e ruas históricas há que ver com tempo. No caminho para o castelo passamos pelo palácio Wallenstein e as suas escolas de equitação.
Subimos uma escadaria que dá acesso à porta de Mathias, uma das entradas para o castelo de Praga. Este não se trata apenas de um edifício, mas de um complexo murado composto por várias estruturas que serviram em tempos para alojar tanto a nobreza, como o clero.
Começamos pela catedral de São Vitros, localizado no centro do castelo. Seguiu-se a torre da pólvora, onde visitamos uma exposição de uniformes militares e armamento. O espólio percorre várias épocas, desde os primeiros tempos do reino da boémia até ao presente. Deixamos o ambiente de guerra e voltamos para o ambiente religioso, desta vez na basílica de São Jorge. Não se pretende aqui dissociar um do outro, até porque o último é muitas vezes o catalisador do primeiro, algo que é bem claro em toda a história deste país.
Finalmente vistamos o palácio real, o principal aposento da corte. Ao contrário de outros palácios que vimos recentemente (como em Viena) neste não se vê sinais de riqueza. Trata-se de um conjunto de salões amplos e despidos de grandes ramalhetes, como se os nobres aqui prezassem pela humildade. Numa das extremidades do palácio, fica uma janela que passa despercebida a grande parte dos visitantes, mas que está impregnada de história. Uma pequena placa informa que foi aqui que ocorreu a defenestração de Praga em 23 de maio de 1618. Nesse dia, os nobres protestantes em plena reforma da boémia receberam um grupo de emissários do sacro imperador romano-germânico Fernando II. Como não estavam nada interessados nas imposições do catolicismo romano e como gesto de boas vindas, decidiram mandar os emissários pelas janelas do palácio. Este evento viria a precipitar a famosa guerra dos 30 anos. O catolicismo Romano viria a ser novamente imposto em 1620, depois da Batalha da Montanha Branca (perto de Praga) que deu início à guerra dos 30 anos (1618-1648). Nas semanas após essa batalha houve pilhagens em toda a cidade de Praga. Alguns meses mais tarde, 27 nobres protestantes foram torturados e executados na praça central (como já referido anteriormente), o que catalisou ainda mais a guerra dos 30 anos.
Depois do palácio passamos pela rua do ouro com as sua pequenas casas coloridas. Umas são lojas, outras são pequenos museus. É uma das ruas mais movimentadas do palácio e foi em tempos o seu principal centro comercial. Numa destas casas habitou o famoso escritor Franz Kafka. Hoje resta uma placa a informar o ilustre é uma pequena livraria. Numa das extremidades da rua fica a casa de um artista local apaixonado pelo cinema. No interior podemos visitar uma pequena sala de projeção e muitas bobines de películas, assim como outros equipamentos cinematográficos. Por cima da rua do ouro percorremos um grande corredor ao longo de uma das muralhas do castelo onde estão expostas várias armaduras e equipamento militar, terminando numa sala com vários engenhos de tortura. Terminamos a visita ao palácio na torre negra, bem a propósito. Amanhã teremos de voltar outra vez porque não deu tempo para ver tudo.
Saímos do palácio, descendo pelas vinhas espalhadas pelas colinas adjacentes. Vemos várias placas a anunciar marcas de vinhos locais e algumas esplanadas para saborear o gostinho da uva fermentada. Continuamos a descer até à praça Mala Strana um local movimentado de onde temos acesso à igreja de São Nicolau. Decidimos percorrer algumas das ruas irónicas de Praga, como a rua Nerudova e a rua Jánsky Vrsek com bastante comércio e restauração. Pelo caminho passamos pelo museu do KGB que já se encontra fechado. Por fora parece mais uma loja do que um museu! Talvez seja mais uma espécie de embuste turístico, mas não posso confirmar.
Depois seguimos pela rua Trziste e chegamos ao muro Lennon (Lennon wall). É um muro onde decidiram prestar homenagem a John Lennon com vários graffitis. Mas tratando-se de um memorial espontâneo e devido a tantas e tantas homenagens, mais não é do que um muro sarapintado de várias cores vivas. Difícil mesmo é conseguir encontrar alguma obra completa, já que os “artistas” não se coíbem de pintar uns por cima dos outros.
No final do dia voltamos à ponte Charles onde o ambiente é sempre vibrante. Terminamos a jantar em Lokál Dlouhááá, um restaurante típico com decoração industrial e comida local. Está cheio de gente e nas mesas lá se conseguem ver uns pratos típicos por entre as muitas canecas de cerveja. Assim que nos sentamos, a primeira coisa que nos perguntam é quantas cervejas queremos. Quando respondemos que não queremos cerveja, a jovem que nos atende leva um pouco a perceber. Temos de explicar mais uma vez que não bebemos cerveja. É estranho, pois a cerveja é rainha das bebidas por aqui. Não só porque é famosa, mas porque é muito barata quando comparada com o resto da Europa. Bom, mas traga lá mas é o menu que a malta tem é fome.