Agosto, 2017 |
Dia 4 – Varsóvia
Chegarmos à estação Warszawa Centralna, no centro da cidade já de noite. A estação é enorme e há muito movimento. Cá fora os arranha-céus percipitam-se no céu escuro e ao olharmos para a cidade que deixamos para trás, percebemos que aqui se vive outra onda. Varsóvia é uma cidade muito moderna, com muitos prédios e avenidas largas. Um claro contraste com todas as cidades pelas quais já passamos durante esta viagem.
Vamos a pé até ao apartamento que alugamos para passar estes dias na cidade. Encontramo-nos com a proprietária no local marcado que nos dá as boas vindas à cidade. Seguimos juntos até ao bloco de apartamentos onde vamos ficar. É um de muitos edifícios de estilo soviético que existem naquela zona e por toda a cidade. Uma arquitetura simples que tem como principal objetivo alojar muita gente com as condições básicas de vida. À entrada do prédio um porteiro saúda-nos antes de apanharmos o elevador para o nosso piso. O hall de entrada é muito básico com as tubagens de canalização à vista e o chão completamente gasto. Parece que parou no tempo, algures entre 1945 e 1989.
Os apartamentos são pequenos e modestos em termos de interiores. No entanto, com o recente fluxo de turistas e as plataformas de alojamento local, muitos proprietários estão a remodelar e a modernizar as suas casas. Esta onde ficamos é um desses casos. Um apartamento estúdio completamente remodelado com uma decoração moderna e uma cozinha totalmente equipada. Apesar de ser pequeno é muito confortável e acolhedor.
Depois de nos instalarmos decidimos ir passear a pé até à ao centro histórico, a parte antiga da cidade. Ainda fica a cerca de 15-20 minutos do nosso apartamento, mas faz-nos bem esticar as pernas depois de algumas horas no comboio. O centro histórico é pequeno e à hora a que chegamos a única coisa que ainda mexe são os restaurantes. Damos uma volta breve, arranjamos alguma coisa para comer e voltamos a casa para descansar.
Dia 5 – Varsóvia
Começamos o dia no Hala Mirowska, um mercado local perto do nosso apartamento. Como em todos os genuínos mercados, este é frequentado só por locais que aqui vêm comprar as merceeiras, frutas, legumes, a carne, o peixe e o que for preciso para a sua alimentação. Também se vendem muitas flores. O mercado é num edifício coberto, mas estende-se no exterior em várias barraquinhas. O ambiente é muito agradável e os produtos têm todos muito bom aspeto. Muitos queijos e cogumelos de várias espécies estão entre os que mais despertam a minha atenção. Como ainda estamos a começar o dia, não compramos nada para não andarmos carregados. Também porque estamos satisfeitos do pequeno almoço. Assim ficamos só pelos cheiros.
Seguimos para o palácio Lubomirskich construído no séc. XVIII para a família Radziwiłł. O edifício de estilo neoclássico é hoje um centro empresarial. Depois passamos pelo teatro capitol e pelo grande teatro de Varsóvia, a casa da ópera, o Teatr Wielki – Polish National Opera. Daqui até ao centro histórico é um pulo.
O centro histórico é uma das zona mais movimentada de Varsóvia e aquela que tem mais interesse turístico. A igreja de St. Ana dá-nos as boas vindas antes de seguirmos para a praça do castelo onde está a coluna de Sigismund, um dos marcos históricos da cidade. A coluna e a estátua no topo comemoram o rei Sigismund III que em 1596 mudou a capital de Cracóvia para Varsóvia.
O castelo real serviu em tempos durante séculos de residência aos monarcas polacos. Hoje serve de museu sobre a tutela do ministério da cultura polaco e recebe também muitas visitas oficiais e de estado. Num dos lados exteriores do castelo estão vários destroços da coluna de Sigismund que foi várias vezes destruída ao longo da história. O mais recente foi durante a II Guerra Mundial quando Varsóvia foi praticamente devastada. A coluna é um marco da cidade e foi sempre reconstruída.
Depois do palácio entramos no coração do centro histórico. Passamos na basílica de S. João, uma das três catedrais de Varsóvia. Esta é a igreja mãe da arquidiocese de Varsóvia, construída em tijolo. Seguimos para a praça do mercado do centro histórico que é a imagem dos postais de Varsóvia. Os edifícios de varias cores rodeiam a praça e dão-lhe um ar simpático. Os restaurantes aproveitam a vista e montam as suas esplanadas.
Ao centro fica uma estátua da sereia que está no brasão da cidade.
Segundo a lenda, uma sereia andava a nadar no rio e parou para descansar nas margens junto à cidade. Como gostou tanto do local, decidiu ficar. Os pescadores locais notaram que algo estava a fazer ondas e a destruir as suas redes libertando os peixes. Planearam apanhar o que estava a causar tudo aquilo, mas quando ouviram a sereia a cantar ficaram apaixonados por ela. Assim, a sereia armada com uma espada e um escudo está pronta para ajudar a proteger a cidade e os seus habitantes.
Agora que já nos sentimos mais seguros continuamos o passeio até ao Barbican, a principal porta de entrada na cidade. Andamos pela mortalha fortificada a apreciar a vista.
Passamos pelo monumento do pequeno insurgente, uma estátua comemorativa das crianças soldado que lutaram e morreram durante a revolta de Varsóvia em 1944 contra a invasão nazi.
Depois de visitarmos o centro histórico seguimos pelo percurso real que vai deste o centro histórico até à rotunda general Charles de Gaulle. A rua Krakowskie Przedmieście é uma das mais conhecidas e prestigiadas ruas da capital, rodeada de palácios históricos e igrejas. Aqui encontramos o palácio presidencial, a universidade de Varsóvia, o palácio Staszic onde fica a academia polaca de ciências, entre outros. Um dos alunos da universidade e um ilustres filho da cidade foi Frédéric Chopin. Não admira por isso que ao longo da rua encontremos uns bancos em pedra que contam a história de alguns locais por onde ele passou ao som da sua música.
Entramos na igreja da Cruz Sagrada onde está a decorrer um casamento. É uma igreja barroca situada em frente ao campus principal da universidade. Em frente ao palácio Staszic está o monumento de Nicolau Copérnico, o mais famoso cientista polaco. No chão junto à sua estátua está um modelo do sistema solar, com a nova descoberta do sol no centro do universo.
Chegados ao fim do percurso real, passamos pela rua das embaixadas até ao parque Ujazdowski. Ai encontramos o monumento de Chopin, uma enorme estátua de bronze em frente a um lago artificial. Do lado de cá do lago estão vários bancos onde podemos desfrutar o ambiente e por vezes ouvir algum concerto improvisado de música clássica. É um dos locais mais concorridos deste grande parque.
O parque tem vários museus e palácios, um jardim botânico, entre outras atrações. Até tem algumas Geocaches que aproveitamos para fazer. No palácio Lazienki pode-se visitar a casa branca (bialy domek) e o palácio na ilha. Depois temos a avenida chinesa, uma rua decorada com efeitos tradicionais chineses que vai dar a um jardim típico.
No parque temos ainda o centro de arte contemporânea que fica num antigo castelo. Este foi mais tarde utilizado como hospital militar e hoje é um dos mais importantes centros de arte da cidade. Tem exposições permaneces e temporárias, workshops, eventos e projeção de filmes. Por esta altura está patente uma estranha exposição de uma artista brasileira.
Laura Lima apresenta o seu “Um quarto e metade” (A Room and a Half) . São várias salas onde a artista cria situações nas quais coloca seres humanos na própria exposição, dando-lhe vida e forma. Não existe qualquer tipo de narrativa nem coreografia, nem se consegue ver os intervenientes. São apenas situações simples, tais como dois braços a tomarem um copo de champanhe ou um braço no chão a procurar uma chave. Em alguns momentos chega a ser assustador, mas depois de entrarmos no espírito da coisa, até que conseguimos apreciar.
Regressamos ao centro da cidade. Passamos pelo palácio da cultura e das ciências (PKIN), um monstruoso edifício “oferecido” pela ex. União Soviética. O edifício foi construído em 1955 e desenhado pelo arquiteto soviético Lev Rudnev inspirado no estilo Art Deco. Segundo consta, os polacos não acharam muita piada ao presente, que para eles mais não era do que um mamarracho imposto por uma potência estrangeira ocupante. Mas o monstro lá foi ficando e ainda hoje é um dos edifícios mais altos da cidade. Como é tão grande, permite servir hoje vários propósitos, tais como diversas empresas, instituições públicas, atividades culturais, cinemas, teatros, bibliotecas, entre outros.
O PKIN fica mesmo ao lado da estação central de comboios e do Złote Tarasy, um shopping center. O Hard Rock Café Varsóvia também fica ali ao lado. Damos uma volta no shopping, procuramos um local para jantar e terminamos o dia por aqui.