Road trip nos Balcãs, dia 4

Dezembro 2019, Janeiro 2020

Dia 4 – Prizren

Depois do pequeno almoço subimos por uma rua estreita junto ao hotel até à “Kalaja”, a fortaleza onde em tempos ficava o Castelo de Prizren. A rua é de empedrado com casas de montanha aqui e ali. À medida que a subida vai ficando cada vez mais íngreme, a vista para a cidade vai melhorando.  A meio do caminho encontramos a Igreja do Salvador que está fechada com um portão de ferro a cadeado. Certamente que esta é de todas as igrejas e mesquitas da cidade, aquela que tem a melhor vista. O problema é para os crentes aqui chegarem! Talvez por isso esteja fechada.

Chegamos finalmente à fortaleza. Está vento aqui no topo da montanha e ainda encontramos um manto de neve a cobrir o chão, tal o frio que faz aqui em cima! Passeamos pelos vários edifícios em ruinas. Subimos ao que outrora foram torres de vigia que agora só servem para apreciar a vista. E que vista! Daqui conseguimos ver toda a extensão da cidade ladeada pelo rio. É daquelas imagens para um postal.

Descemos do castelo novamente para o centro histórico. Passamos pela mesquita Sinan Pasha e visitamos várias igrejas ortodoxas e católicas, todas num curto raio de distância umas das outras. As igrejas encontram-se todas fechadas e as mesquitas não se podem visitar, pois são apenas para os devotos locais. Entre às várias igrejas encontramos a da Nossa Senhora de Ljeviš, uma igreja ortodoxa Sérvia do séc. XVI que se constitui entre os quatro edifícios religiosos património da UNESCO como já referi.

Nas lojas de souvenirs os tradicionais tapetes coloridos chamam à atenção. Depois de muita escolha, lá compramos um conjunto para trazer. Pelo caminho encontramos um edifício em particular muito degradado, a Cruz Vermelha do Kosovo. Certamente com um papel preponderante no passado recente, agora caído ao esquecimento.

A praça Shatërvan é o ponto de encontro da cidade. Aqui se reúnem as diversas gerações no centro histórico. A ponte de pedra sobre o rio Prizren Lumbardhi faz lembras a famosa ponte de Mostar na Bósnia e Herzegovina, mesmo aqui ao lado.

Passamos a ponte e subimos pela margem do rio até à Liga Albaneza de Prizren, um local de notável importância histórica. Trata-se de um museu que apresenta o relato histórico/político da resistência Albanesa na construção do estado do Kosovo. A liga foi a primeira organização nacionalista Albanesa formada a 1 de julho de 1878, após a guerra Russo-Turca (1877-78), com a finalidade de preservar e manter a integridade do território do império Otomano nos Balcãs. Este movimento nacionalista viria mais tarde em 1912 a dar origem à declaração da independência da Albânia, e os seus ideias permaneceram até ao presente.

Deixamos Prizren em direção à capital do Kosovo, Pristina. No caminho paramos no Mosteiro de Gračanica, uma pequena cidade às portas da capital. Na estrada secundaria e empoeirada segue um Ferrai vermelho à nossa frente! O mosteiro é o último dos quatro edifícios religiosos património da UNESCO que nos falta visitar. Foi construído pelo rei Sérvio Stefan Milutin em 1321 numas ruínas de uma basílica do séc. VI. A arquitetura representa o culminar da arte medieval Sérvia na tradição Bizantina.  A igreja foi construída com camadas alternadas de tijolos e pedras e tem várias cúpulas. Os frescos no interior datam de 1321, à data da sua construção, mas estão bem preservados.

Chegamos a Pristina ao final da tarde. O trânsito está caótico como já estávamos à espera. Tem sido assim nos acessos a todas as cidades no Kosovo, independentemente do seu tamanho. Outra coisa não seria de esperar na capital.

Seguimos para o hotel que fica numa rua paralela à Avenida Madre Teresa, a principal rua de comércio da cidade e onde estão localizados vários edifícios de ministérios do governo, bem como a assembleia da República do Kosovo.

Depois de instalados no hotel, vamos passear pela cidade. Na referida avenida encontramos diversos efeitos de natal e algum movimento de gente. Em cada uma das extremidades da avenida estão dois palcos preparados para receber o ano novo, que vai chegar mais logo.

Vamos jantar e depois voltamos ao hotel para descansar antes da passagem de ano. Está muito frio na rua e a chuva miudinha não convida a andar no exterior.

Um pouco antes da meia noite ainda vamos até à rua para ver o ambiente. Parece que tal como nós não há muita gente com vontade de sair à rua. O tempo não ajuda. Nos dois palcos há DJ’s a passar música mas para algumas pessoas que se aquecem como podem. O vinho quente é uma das opções. Não para nós. 

Da janela do quarto do hotel assistimos à mistura de cores do fogo de artifício que ilumina a fria e húmida noite de Pristina. Damos as boas vindas ao ano 2020 no mais recente estado reconhecido pelas Nações Unidas, a República do Kosovo.

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