Zanzibar – Stone Town

Fevereiro, Março 2022

Depois de uma viagem verdadeiramente extenuante, aterramos no aeroporto internacional Abeid Amani Karume pouco depois das 06:00 horas da manhã. Chegamos a Zanzibar com o nascer do sol. O aeroporto está “povoado” de pequenas avionetas e o nosso Boing da Qatar Airways deve estar a sentir-se um pouco incomodado.

Zanzibar Airport

O terminal das chegadas é pequeníssimo. À entrada para o terminal verificam-nos os testes PCR, não vá a malta importar esse tal de COVID19, aqui para a ilha. Depois são as enormes filas para os vistos com os passageiros aglomerados a aguardar a sua vez. A partir da porta de entrada no terminal termina a pandemia. O COVID19 ficou lá fora e essa será a última vez em que ouvimos falar de tal coisa … pelo menos até regressarmos.

Temos um transfer reservado à saída do terminal para nos levar até ao hotel. O problema é encontrar a placa com o meu nome na imensidão de motoristas que se acotovelam para tentar encontrar os seus clientes. Digo o nome do motorista “Haji, Haji” e eles lá me encaminham para a pessoa certa.

A viagem até ao hotel é curta, mas o Haji vai aproveitando para nos introduzir um pouco da cultura e história da ilha. Passamos pela casa presidencial e ficamos a saber, por exemplo, que em toda a ilha existem apenas 5 semáforos de trânsito, e ficam todos na capital onde estamos, a Cidade de Zanzibar.

Chegamos ao hotel por volta das 8:00. Como ainda não podemos fazer o check-in, deixamos as malas e descansamos um pouco no restaurante. Depois vamos explorar a cidade de Stone Town, outro nome pelo que é conhecida a capital.

Aqui os locais têm um lema de vida que é “Pole Pole”, que em Suaíli, o idioma oficial da Tanzânia, significa “Devagar, Devagarinho”. Uma das frases preferidas é “Hakuna Matata”, que significa “sem problema, ou sem stresss”. Portanto, aqui tudo acontece sem grandes alvoroços.

A cidade está a acordar aos poucos. As lojas vão abrindo “devagarinho”, montam-se as esplanadas, ouvem-se as crianças na escola, varrem-se as ruas … sim aqui também se vê gente a varrer. Percorremos as ruelas estreitas do centro de Stone Town que ainda têm pouco movimento, mas as lojas que já estão abertas, não existam em convidar-nos para entrar. Para nos convencerem, dizem que para ver é tudo de graça.

Com o avançar da hora, aumenta o movimento e os constantes convites para as lojas. “Karibu” dizem-nos sorridentes, que significa “Bem vindos”. Há muito artesanato, galerias de arte e especiarias. No passeio por Stone Town, não podemos ficar indiferentes às portas tradicionais de madeira. São autênticas peças artesanais que proliferam por todas as ruas da cidade.

Uma das atrações da cidade é a antiga fortaleza portuguesa. Nós fomos os primeiros Europeus a chegar a estas costas, aquando da nossa epopeia pelas Índias. Plantamos especiarias pelas ilhas, dai terem ficado também conhecidas como as ilhas das especiarias. Mais tarde acabamos por deixar a ilha para os Ingleses que a transforam num protetorado britânico em 1890. Zanzibar só veio a tornar-se independente em 1963.

Depois da independência de Zanzibar do reino unido, muitos abandoaram a ilha devido ao clima de violência que se instalou. Houve um casal, cujo a mudança viria a marcar a história do Rock para sempre. No dia 5 de setembro de 1946, Bomi and Jer Bulsara, davam à luz Farrokh Bulsara, que mais tarde viria a ser conhecido como Freddie Mercury. O museu de Stone Town foi o primeiro museu do mundo a celebrar a estrela do Rock britânico. Aqui podemos ver algumas fotos de criança, fotos de família e algumas letras de músicas escritas à mão. O museu é pequeno, mas não deixa de ser uma digna homenagem a um filho da terra.

Deixamos o Rock e fomos até à praia. Stone Town não é um destino de praia, ao contrário de outras cidades, em particular no norte da ilha. Mas já que aqui estamos, e com o calor que está, nada melhor do que um mergulho, mesmo sendo numa praia urbana. Muitos tiveram a mesma ideia. Parece que depois da escola, a criançada vem toda para a praia. Os meninos jogam à´ bola, as meninas com os seus lenços a cobrir a cabeça correm à apanhada. A água é cristalina e a temperatura convida a um bom mergulho. As águas do índico são sempre muito convincentes. Acabamos por fazer um passeio pela praia e vamos dando uns mergulhos pelo caminho.

A meio da tarde regressamos ao hotel para podermos descansar um pouco. Afinal já não dormimos propriamente há dois dias. Aterramos na cama até já noite. Não querendo perder o “vibe” da noite em Stone Town, decidimos voltar a sair. Fomos até ao parque Forodhani, junto ao mar, que à noite ganha uma nova vida. Todas as noites o parque transforma-se num mercado de comida “street food”. Montam-se as bancas e as grelhas para os típicos churrascos, quer de carne, peixe ou marisco, há para todos os gostos. É um regalo para a vista e o difícil é escolher, pois mais uma vez somos constantemente convidados para vermos as iguarias. Depois de darmos a volta ao mercado, decidimo-nos por umas chamuças acompanhadas de pão nam. A gastronomia conta muito da história dos povos e aqui não é exceção. A mistura das culturas reflete-se naquilo que comemos. Saciada a curiosidade e a fome, fomos finalmente descansar.

No dia seguinte deixamos o hotel por volta das 10:00, após uma noite bem dormida. Afinal já merecíamos um digno descanso! Entretanto o carro que alugamos já chegou ao hotel. Desta vez vamos dar a volta à ilha num Toyota RAV4. Antes de sairmos da cidade, fomos ao posto dos correios para trocar dinheiro e acabamos por comprar um cartão SIM para termos rede móvel local e ainda compramos um postais para enviar para Portugal.  Vai ser uma surpresa para os destinatários, mas muito provavelmente só chegarão já depois do nosso regresso. Não deixa de ser um saudoso revivalismo.

Á saída de Stone Town paramos no mercado de Darajani. Este mercado é essencialmente para locais, por isso vendem-se os tradicionais produtos, carne, peixe, frutas e vegetais, … Até um tubarão encontramos numa das bancas! O ambiente é completamente diferente do centro da cidade. Aqui pouco se preocupam com os turistas. Há demasiada comoção e toda a gente está ocupada a fazer pela vida. É, portanto, um local autêntico, que espelha bem o dia a dia desta gente. Acabamos por comprar umas especiarias para levar de recordação.

Depois do mercado fomos atestar o carro e seguimos viagem para norte. A próxima paragem vai ser em Nungwi.

Video Flashback – Stone Town

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