Zanzibar – Sudeste

Colobos vermelhos em pose

Fevereiro, Março 2022

Jozani Forest, Jambiani

A nossa viagem continua para sul. Antes de partirmos, aproveitamos parte da manhã para descansar na piscina do hotel. Ainda damos mais dois dedos de conversa com o casal alemão, assim como com a Geórgia, a proprietária do Kiganja Retreat Zanzibar.  Ficamos a conhecer mais um pouco sobre os desafios de estabelecer e manter um negócio nesta ilha. Muito do que ela nos conta, lembra-nos o tempo que passamos no Camboja. Algumas coisas transcendem culturas e povos, mesmo a oceanos de distância.

Pongwe beach

Seguimos viagem em direção a Pongwe, a aldeia que na costa este, divide o sul do norte de Zanzibar. Fazemos uma pequena paragem na praia para ver a maré baixa. Estacionamos entre duas palmerias já no areal da praia. Só avistamos água já lá na linha do horizonte! Os barcos estão todos em seco e ao fundo pequenos pontos que são os homens na pesca.

Continuamos mais para sul até à cidade de Chwaka. Ao sairmos da cidade somos abordados pela polícia. Já estava à espera disso, porque em quase todas as cidades onde passamos há sempre uma barricada da polícia e os carros só passam numa direção. Já escapamos em várias, mas em alguma tínhamos de parar e eu estava com a sensação que seria aqui. Apresento a minha carta de condução portuguesa e a licença temporária que a rent-a-car tratou e é tudo. O senhor polícia simpático agradece e manda-nos seguir viagem.

A próxima paragem é no Parque Nacional Jozani-Chwaka Bay, o único parque natural de Zanzibar. Trata-se de uma reserva de biosfera de especial interesse que foi inscrita como património da UNESCO no ano de 2016. A visita ao parque tem de ser feita acompanhada por um guia. Uma das principais atrações são os macacos Colobos Vermelhos de Zanzíbar. É uma espécie endêmica de Unguja, a principal ilha do arquipélago de Zanzibar, onde nos encontramos. Como são assustadiços, seguimos num grupo de apenas 6 pessoas, acompanhados do guia que nos leva pela floresta dentro.

Enquanto caminhamos na floresta o guia vai-nos explicando alguma da vegetação existente. Apesar de a floresta estar muito perto do mar, o subsolo é irrigado com água doce. Por isso é que existem tantas espécies de árvores diferentes. As árvores de fruto como goiabeiras e macieiras abundam. As goiabas estão a começar a amadurecer e por isso a floresta emana um agradável cheiro a goiaba. É uma sensação fantástica caminhar no meio da floresta com este cheiro tão característico e adocicado. Quanto às macieiras, não se trata de maçãs como estamos habituados na europa. É uma maçã vermelha mais pequena e menos doce do que as nossas. Por momentos até pensei que fosse um caju, o fruto, tal a semelhança.

Outras árvores que vimos também foram alguns eucaliptos. Parece estranho, pois não é uma espécie endémica. O guia contou-nos que foram importadas da Austrália no passado para ajudar a secar a água dos solos. Se escavarmos meio metro abaixo do solo, encontramos água na floresta. O problema, diz-nos o guia, é que agora onde estão os eucaliptos não cresce mais nada, pois estes sugam tudo à sua volta. Está a começar a ser uma praga, tal como aquela que temos em Portugal, mas por razões meramente económicas da indústria papeleira. Geralmente, quando o homem tenta intervir na natureza forçando o seu curso natural, não dá bom resultado. Aqui estão a aperceber-se disso agora.

Colobo Vermelho
Colobo Vermelho de Zanzibar

Depois de caminharmos um pouco pela floresta encontramos os macacos. Primeiro avistamos os macacos pretos mais comuns em outras partes do mundo. Estes comem fruta e não se incomodam muito à nossa passagem. Chegam-se mais para longe, mas continuam a rapinar goiabas e maçãs, algumas já caídas das árvores. Mais à frente o guia faz-nos sinal e lá encontramos os Colobos Vermelhos. Estes não comem fruta, apenas folhas de árvores. Por isso é possível a convivência entre as duas espécies de macacos. Como ninguém interfere na dieta de ninguém, toda a minha gente come, e todos se dão bem. Vejam lá se não temos tanto a aprender com os macacos!

Estima-se que no parque existam por volta de 2000 espécimes de Colobos Vermelhos só no parque, e que o número tem vindo a aumentar ao poucos, graças ao esforço de proteção do governo. O problema é que a maioria destes macacos prefere habitar nas quintas espalhadas pela ilha, o que não deixa muito contentes os aldeões, pois estragam-lhe as colheitas. O guia diz-nos que tem tentado encontrar o equilíbrio para preservar a espécie.

Família Colobos Vermelhos
Família de Colobos Vermelhos

Numa árvore encontramos uma família de Colobos Vermelhos a descansar. O macho está refastelado num dos ramos mais grossos, enquanto a fêmea observa atenta a cria a saltar de ramos em ramo, a brincar com umas sementes na árvore. Estes nem se importam com a nossa presença. Deixam-nos ficar por ali a tirar fotografias e a filmar, impávidos e serenos. Tenho a certeza de que se falassem estariam a dizer “HaKuna Matata”. Sem stress. Até parece que estão a posar para as câmaras!

É uma delícia. Podia ficar aqui o resto do dia e com algum jeitinho, sem ninguém notar, até me apetecia levar o pequenote comigo na mochila. O pior é que depois os pais ficavam aborrecidos. Nunca poderia fazer uma maldade dessas a tão gentis criaturas. Aqui é a sua casa. Deixemo-los serem felizes.

Manguezal

A última parte da vista leva-nos mais junto ao mar até a uma parte da floresta de Manguezal. Não é a árvore que dá as mangas, essa chama-se mangueira. é um ecossistema costeiro de transição entre os biomas terrestre e marinho. O Manguezal é um ecossistema costeiro de transição entre os biomas terrestre e marinho. Lembro-me que a primeira vez que vi este tipo de vegetação foi no Brasil. Penso que em Portugal não existe esta espécie. As árvores do Manguezal são as únicas que conseguem desenvolver-se com água salgada. Por isso nesta parte da floresta só há Manguezal de várias espécies. Uma delas é Mangue-vermelho que também é típico da Baia, no Brasil.

Do parque Jozani a Jambiani é uma curta distância e como a estrada é sempre alcatrão, chegamos rapidamente ao hotel. Claro que depois para chegar da estrada principal ao hoteis, à beira-mar, é sempre por caminho de terra esburacado. É onde ficam os hotéis mas também as aldeias, porque as pessoas vivem à beira mar.

Fazemos o check-in no hotel, nas Villas Daima, uma casa recentemente construída com 6 quartos e uma piscina rodeada de palmeiras. Á porta recebe-nos um jovem vestido com trajes tradicionais. À semelhança do hotel anterior, este não fica na linha de praia, mas basta atravessarmos a rua e eis-nos no areal de Jambiani.

Daima Villa, Jambiani

Durante a tarde vamos fazer um passeio pela praia e depois pela aldeia de Jambiani. Aqui nota-se que há mais movimento na aldeia. Visitamos algumas lojas, sempre a convite efusivo dos proprietários, mas o mais interessante é mesmo ver o quotidiano da aldeia. Apesar dos turistas que andam por aqui, os locais continuam os seus afazeres.

Pintor Jambiani
Pintor em Jambiani

Parece que todos andam em autogestão, as crianças brincam sozinhas, andam de bicicleta pela rua, outras carregam água ou tratam de outros afazeres e até os animais se governam sozinhos. As vacas passeiam calmamente pela aldeia e vão pastando aqui e ali o pouco que resta de verdura. As cabras descansam no centro da rua, criando uma espécie de rotunda improvisada. A primeira vez que me cruzo com elas até pensei que fosse uma escultura no centro da via. Em que mundo estou eu com a cabeça! As galinhas e os patos passeiam de um lado para o outro da estrada. Temos de estar sempre atentos não vá alguma ou algum atravessar-se debaixo do carro. Temos de esperar que eles passem, porque também não há passadeiras para galinhas nem para patos. Eles decidem onde atravessar, e nós só temos que respeitar. No final do dia todos vivem em harmonia. Para mim continua a ser surpreendente que a apenas 100 metros da rua central da aldeia, a vida nos hotéis passa completamente ao lado desta realidade rural.

Ao final da tarde vamos jantar e mais uma vez procuramos algumas recomendações. No hotel também servem refeições. Aliás, todos os hotéis aqui têm os seus restaurantes, mas nós preferimos ir explorar a área. Seguimos agora de carro pela aldeia e damos uma volta mais alargada ao cair da tarde. Como já está mais fresco, o movimento nas ruas aumenta e é nesta altura do dia que os mais jovens se juntam para jogar futebol. É vê-los em vários campos improvisados a disputar a bola todos entusiasmados. Não é à toa que lhe chamam o desporto rei! Em alguns dos campos até se joga descalço. O importante é a bola. Todos correm alegremente. No fim ganha a melhor equipa … normalmente.

Desta vez vamos jantar a um restaurante que se chama The Stone Culture. Lemos que é um local simpático e onde se come boa comida local. Não ficam em cima da praia, nem pertence a nenhum hotel, como tantos outros (quase todos). Este fica mesmo na aldeia. Meia dúzia de mesas num chão de areia e uns fios de conchas a fazer de parede é o suficiente. Somos os únicos clientes recebidos com algum entusiasmo pelo jovem com uma camisola de futebol de algum clube local. Pedimos o peixe do dia grelhado. Esperamos algum tempo porque aqui é tudo feito na hora e com muita calma. O peixe vem bem servido e está delicioso.

The Stone Culture restaurant
The Stone Culture

Já no final da refeição aparece o chefe que nos saúda e conversa um pouco connosco. Pergunta-nos se bebemos álcool, uma vez que estamos a bérber coca cola. Fica admirado quando respondemos que não. Conta-os um pouco da história do restaurante, que antes estava situado junto a um hotel na praia e por isso tinha mais movimento. Tiveram de mudar para este local porque o anterior proprietário vendeu o espaço e pediam muito dinheiro. Agora o negócio é mais difícil porque não tem um acesso direto à praia. Para além disso, o acesso que tem mais perto, passa por vários outros hotéis com os seus restaurantes e os clientes acabam por ficar logo por algum desses. Aqui os turistas circulam maioritariamente pela praia, e é por aí que vão encontrando os restaurantes. Continua o seu desabafo, referindo que os turistas ficam muitas vezes “fechados” nos hotéis. Fazem tudo no hotel: dormem, comem, organizam tours, … e que isso acaba por trazer pouco benefício para a população. Talvez ajude a explicar a assimetria que não me canso de constatar por aqui!

Continuamos a agradável conversa por mais algum tempo. Ele também não tem muito mais que fazer, porque pelos vistos seremos os únicos clientes para jantar. Ensina-nos algumas expressões em suaíli, explicando a diferença do singular para o plural. Diz-nos também que na aldeia mais a norte, Paje, o ambiente é totalmente diferente de Jambiani. Ai é mais para festa, álcool e até para fumar umas coisas estranhas. Aqui é mais tranquilo diz ele. Entretanto o rapaz oferece-nos uma garrafa de água. Ele queria oferecer-nos uma bebida especial, mas como não bebemos, insiste para aceitarmos a água. Terminada a conversa, o rapaz oferece-nos um caxo de bananas para a viagem. Explica-nos que aqui não se diz banana, mas sim “ndizi” e assim aprendemos mais uma palavra nova em suaíli.


Caverna Kuza, Page e Jambiani

No dia seguinte, vamos visitar uma das principais atrações turísticas aqui da zona. A caverna Kuza fica junto à estrada principal que passa perto de Jambiani. É uma formação rochosa que tem a particularidade de ter uma parte submersa por água doce, onde se pode nadar a uma temperatura mais refrescante que na água do oceano. A caverna serve de residência também a morcegos, dizem, mas à hora que chegamos não está cá nenhum.

Caberna Kuza

Á entrada pedem-nos 10$ p/ pessoa, que inclui o acesso à caverna e um guia para nos explicar algumas coisas. Na verdade, o guia só no leva por um caminho curto até à entrada da caverna, diz-nos uma ou duas coisas pouco relevantes sobre o contexto geológico, e nada mais. A seguir vamos nadar. Há mais gente a nadar na caverna. Isto na época alta deve ficar cheio de gente, pois o espaço não é grande. Refrescamo-nos na água doce e pronto. Já está a visita feita!

Quando saímos, ainda ficamos a ouvir música com uns miúdos que na entrada tentam dar uma experiência cultural aos visitantes. Convidam-me para tocar tambor com eles, para entrar na onda. Têm também aulas de culinária suaíli para quem queira aprender a cozinhar comida local e ainda uma barraquinha com algumas lembranças, mas nada de especial. Está tudo muito orientado apanhar aquelas excursões de meio-dia dos turistas.

No final, acho que é um desperdício de tempo e dinheiro. Não aprendemos nada com o “suposto” guia. As informações que estão nos cartazes à chegada são mais interessantes e completas do que aquilo que o rapaz nos disse. A única coisa interessante é mesmo o facto de podermos nadar na água fresca, mas mesmo assim, a caverna é muito pequena e não tem muito para ver. Desaconselho, portanto.

A meio da tarde vamos visitar a cidade de Paje. É talvez o principal destino turístico da costa sudeste de Zanzibar. É por isso uma cidade com grande movimento e mais comércio. Deixamos o carro junto à praia. A maré está alta e por isso o melhor é caminhar no interior da cidade, nas tais ruas empoeiradas e esburacadas. Há muitas barraquinhas e mesmo lojas em alvenaria. O comércio para turistas é uma atividade importante na cidade.

Pinturas em Paje

Passamos ainda por uma escola primária e secundária, segundo lemos na placa informativa à entrada. A esta hora já não há alunos na escola. Parece que aqui só têm aulas de manhã. Do exterior conseguimos ver algumas das salas, porque simplesmente não há janelas. Uma das salas é literalmente um conjunto de quatro paredes de tijolo empilhado até meia altura, com um telhado de zinco e várias secretárias de madeira empoeiradas. O chão é de areia. Conseguimos ver toda a sala.

Escola Paje 1
Escola Paje 2

Na parte da entrada lê-se a pó de giz na parede que é a sala do 5ºB com um total de 59 alunos (36 rapazes; 23 raparigas). Em Portugal, os professores já têm dificuldade quando as turmas rondam os 30 alunos. Imagino como será ensinar quase 60 alunos ao mesmo tempo!

Voltamos a Jambiani ao final da tarde. Descansamos um pouco no hotel antes do jantar. Hoje vamos experimentar o tasco com mais recomendações em Jambiani. O restaurante Fadhil fica no interior da aldeia, de costas viradas para a praia. As mesas estão dispostas por duas divisões, com parece de alvenaria a meia altura, junto à estrada. Ao contrário da noite anterior, hoje não somos os únicos clientes. De facto, o estabelecimento está praticamente cheio, mas o senhor que nos recebe rapidamente providencia uma mesma para nos instalarmos. Mesa de plásticos e cadeiras de madeira. O menu vem num caderno de linhas A5 rabiscado com os preços em xelins (moeda local da Tanzânia). A ideia não é má, pois se o menu muda de dia para dia, basta escrever na folha seguinte. Genial, portanto!

restaurante Fadhil menu

A Marisa pede o “catch of the day” grelhado, que hoje é pargo. Eu desta vez vou experimentar algo mais local: Zanzibar Chicken Massala. Para beber sumos naturais de fruta, um de maracujá e outro de gengibre e limão. Esperamos um pouco pela confeção, o que é habitual em todos os restaurantes locais, mas a espera compensa. A comida está deliciosa. No final, a sobremesa é oferta da casa. Banana assada regada com chocolate. E com este toque gourmet, terminamos o dia em Jambiani.


De Jambiani a Page pela praia

Hoje pela manhã vamos fazer uma caminhada pela praia. Do hotel é só passar a estrada e chegamos à praia. Aproveitamos a maré baixa com um extenso areal de areia branca e firme, colocamos protetor solar e boné e partimos.

A distância de Jambiani a Paje é cerca de 5 Km. Seguimos a passo rápido, não porque estejamos com pressa, mas para fazermos um pouco de exercícios físico, para espanto dos locais. Estranham o nosso ritmo e por vezes interpelam-nos mesmo, porque andamos tão depressa. Não faz parte da sua genética. Isto é um defeito do ADN Europeu.

Dois rapazes limpam a praia, apanham lixo para carrinhos de mão. E bem que precisa, pois há muito plástico e outros lixos espalhados pelo areal. É um pequeno esforço para preservar este mar, mas oxalá mais pessoas tivessem este cuidado.

Pouco depois do início da nossa caminhada, perto do pontão de madeira junto ao Spice Island Hotel & Resort, enquanto tiramos umas fotografias, somos recebidos por uma cadela simpática. Mete-se connosco, provocando-nos para a brincadeira. Ainda é novinha e é arraçada de pastor alemão. Está bem tratada e tem uma coleira, mas anda por aqui sozinha e não nos larga. Não conseguimos perceber de onde veio. Tentamos avistar o dono, mas as poucas pessoas que avistamos, ninguém se acusa. Continuamos a caminhada e ela vem atrás de nós. Ainda tentamos mandá-la embora, mas ela quer continuar connosco.

Depois de desistimos de dissuadir a cadela, continuamos pela praia. Ela segue sempre ao nosso lado, com umas corridas esporádicas aqui e ali. Vamos ter de a levar connosco, pode ser que pelo caminho ela desista e volte a casa. Procuramos na sua coleira por um nome, mas não tem nada. É apenas uma fita azul. Vamos chamá-la de “Jambianita” por agora (Jambiani foi a praia onde ela nos encontrou).

Jambianita
“Jambianita”

Continuamos pelo areal, e de vez em quando, a “Jambianita” vai-se refrescar nas poças da maré baixa. Ela corre à vontade entre as algas e as poças de coral que só se veem quando está a maré baixa. Tenta caçar os corvos que pousam aqui e ali à procura de algum petisco fresco. Vê-se que está acostumada a estas andanças. Quando entramos mais na maré, ela acompanha-nos sem receio. É claramente uma cadela de praia! Quando nos baixamos para nos molharmos também, ela vem para cima de nós na brincadeira. Pensa que estamos a preparar-nos para brincar com ela.

Quando chegamos à praia de Paje a maré vazia dá lugar a um extenso areal que entra mar adentro até à distância do horizonte. As poças e o coral dão lugar à areia, por isso aqui é mais fácil entrar mar adentro. No céu, os kites (de Kitesurf) tomam o lugar das nuvens, num corrupio colorido ao sabor do vento. Paje é uma das praias mais conhecidas para a prática de de Kitesurf aqui em Zanzibar, e isso deve-se precisamente ao efeito da maré baixa, que cria uma espécie de piscinas naturais de águas não profundas. Torna-se mais fácil para quem está a dar os primeiros passos. Há muitas escolas da modalidade.

Page beach, Kite surf
Kite surf in Page beach

Estamos dentro de água, bem longe do areal, mas com água até ao tornozelo. Um pouco mais ao fundo estão os kites com os instrutores. São tantos que até a “Jambianita” por instantes fica pasmada a olhar os céus! Mas rapidamente muda a sua atenção para os corvos que ateimam a andar por ali à pesca, e lança-se numa corrida, na esperança de conseguir o “catch of the day”.

Depois de Paje voltamos a Jambiani e a nossa companheira regressa connosco. A princípio pensamos que ela acabasse por ficar aqui por Paje, pois andou a “charafuscar” junto aos restaurantes da praia, mas está determinada em acompanhar-nos. Pelo caminho arranjamos um coco vazio para lhe dar alguma água a beber. Deve estar cheia de sede com tanto calor!

De volta a Jambiani, a nossa preocupação agora é deixamos a “Jambianita” perto de casa, vá-se lá saber onde! Falamos com alguns locais na praia, mas ninguém a conhece. Dizem-nos que é cão de praia e que provavelmente depois há de seguir outras pessoas. Junto ao local onde ela nos encontrou tentamos despistá-la, para ver se ela fica por ali, mas sem sucesso. Depois junto ao nosso hotel ela lá se distraiu e nós conseguimos deixar a praia. Não nos pudemos despedir apropriadamente, mas creio que foi melhor assim, se não ela tinha vindo atrás de nós para o hotel e depois aí saía da linha de praia. E como referi, “a praia é a praia dela”. Até um dia destes “Jambianita”…

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