Iceland Road Trip – Parque Nacional Skaftafell

Agosto 2022

Dia 4, Vik

Acordamos em Vik e pela primeira vez desde que chegamos à Islândia não está a chover. Tomamos o pequeno-almoço e apressamo-nos para ir visitar a famosa praia de areia preta, Reynisfjara. Deixamos as caravanas no parque de estacionamento adjacente à praia e vamos todos contentes aproveitar o “bom” tempo de praia. Até levamos óculos escuros porque hoje já se vê uns raios de sol. Continua frio, mas o facto de não estar a chover, já muda tudo.

O areal preto de origem vulcânica faz as delícias dos visitantes. É formado por pequenas pedras que reluzem à luz do sol. Para além disso, a praia tem também umas formações rochosas em forma de colunas hexagonais naturalmente esculpidas de forma precisa. As colunas de Reynisfjara são famosas e enchem-se rapidamente de visitantes para tirar fotografias. A paisagem no mar também tem várias formações rochosas, a Reynisdrangar, que deixa à criatividade de cada um explorar semelhanças com a natureza. A caverna de Hálsanefshellir é outro dos pontos obrigatórios da visita à praia. Aqui podemos observar de perto a composição geológica que forma este maciço de rocha que se ergue da praia.

A única coisa que falta para uma visita à praia é dar um mergulho no mar, mas aqui não é adequado. Não só pela temperatura da água pouco convidativa, mas acima de tudo pelo perigo. Á entrada na praia somos logo alertados por placas informativas que avisam os visitantes para se manterem afastados do mar e não é um preciosismo de segurança. Esta praia é conhecida por ter já provocado várias mortes de turistas que são apanhados desprevenidamente por um tipo de ondas a que chamam “sneaker wave”. Aliás numa das placas informativas faz referência precisamente a essas mortes recentes. Estes tipos de ondas surgem inesperadamente e de forma totalmente desproporcional na praia, subindo a níveis que ninguém espera e com uma força tal que não deixa muitas esperanças a quem por elas é apanhado. Assim, mantemos uma distância segura do mar para não termos surpresas. Mas a surpresa vem de cima! O belo dia de sol passa rapidamente a um novo dia de chuva. Foi literalmente sol de pouca dura e por isso é hora de deixar a praia.

Regressamos a Vik para ir abastecer ao supermercado e aproveitamos a lembrança da chuva para dar uma vista de olhos na loja da Icewear, uma marca de roupa islandesa que tem muitos artigos técnicos próprios para este tipo de clima. A variedade é muita, mas os preços esses são pouco convidativos. Já vamos no quarto dia na Islândia e tempo não parece querer dar tréguas. Alguns de nós começam a desesperar com a chuva e a roupa que trouxemos parece não ser suficiente para esta chuva constante. Há quem não resista a abrir os cordões à bolsa para comprar mais material para “sobreviver” a esta intempérie. Eu próprio decido comprar um poncho, coisa que nunca visto. Mas por esta altura também já estou por tudo!

Ironia do destino! Quando terminamos as compras, o tempo volta a melhorar. Parece que não vamos já estrear a nova indumentária para a chuva. Vamos agora visitar a praia de Vik, mesmo ali ao lado. Aqui ao contrário da praia de Reynisfjara, a areia é muito fina. Conseguimos agora avistar as formações de Reynisdrangar ao longe. Tiramos algumas fotografias ao sabor do vento. Sim porque aqui todas as praias são muito ventosas. Depois voltamos à “Ring Road” e seguimos viagem para Este.

Dia 4, Skaftafell

A nossa próxima paragem é o parque nacional Vatnajökull. Este foi estabelecido em 2008 e inclui os parques nacionais em Skaftafell (est. 1967) e Jökulsárgljúfur (est. 1973), juntamente com a própria calota de gelo de Vatnajökull e extensas áreas ao seu redor.

No caminho paramos ainda numa zona de descanso que tem uma atração inesperada. Trata-se de miradouro para um vasto campo de lava numa planície coberta por musgo. O local chama-se Gönguleið um Eldhraun e tem um pequeno trilho que proporciona umas vistas fantásticas para este vasto campo de lava com centenas de anos que está totalmente coberta por uma enorme proteção de musgo. Parece que se trata de um tipo especial de musgo que cresce na lava e que é uma espécie protegida. Como está sol e não faz muito vento, lançamos pela primeira vez o drone do Joel para filmar a paisagem. Até aqui ainda não tinha sido possível levantar voo, porque o tempo não permitiu. Depois das filmagens voltamos à estrada.

Á chegada ao Parque Nacional Vatnajökull, deixamos as caravanas no parque de campismo e vamos até ao centro de visitantes Skaftafell para sabermos algumas informações do local. A senhora que nos recebe explica-nos detalhadamente como funciona o parque, o que há para ver e que tipo de visitas guiadas podemos fazer. É a primeira vez que encontramos este tipo de serviço tão bem organizado e informativo. Depois de tratarmos do pagamento do parque de campismo regressamos às caravanas para combinarmos o que fazer nos dois dias que vamos passar aqui no parque nacional.

Começamos por visitar a cascata Svartifoss que é acessível através de um trilho muito bem marcado a partir da base do parque de campismo. A caminhada é muito tranquila e leva cerca de 45 minutos (2 Km) incluindo as paragens para as fotografias. No início do percurso passamos também pela Hundafoss, uma cascata menos imponente, mas que tem um miradouro muito simpático. É um local ótimo para lançar o drone para capturar mais umas imagens que só são possíveis lá de cima.

Continuamos a subir até à Svartifoss num percurso movimentado, mas muito agradável. A Svartifoss é famosa pelas colunas basálticas que tem como pano de fundo. O seu nome significa quedas negras porque a cascata é cercada por colunas de lava escura. As colunas hexagonais de basalto foram criadas quando a lava arrefeceu muito lentamente e para que a rocha derretida pudesse cristalizar. A cascata tem apenas uma altura de 20 metros. Não é tão alta como outras que já vimos, mas devido à sua localização e às colunas de basalto é mais uma das cascatas a não perder na Islândia.

Regressamos ao parque de campismo. Ainda é cedo e o dia está agravável, sem chuva e sem frio. Eu o e Joel decidimos fazer mais um trilho enquanto as senhoras seguem para o parque de campismo para tratarem dos seus afazeres. Seguimos então os dois pelo trilho do miradouro de Sjónarnípa. É um trilho que passa por cima do parque de campismo e leva-nos até uma das línguas do glaciar, em Skaftafellsjökull gönguleið. O trilho é bem mais estreito e exigente que o caminho para Svartifoss, mas cada passada é um deleite na natureza. A água escorre pelo trilho e por vezes temos de saltar por cima de pequenas represas. Seguimos em passo acelerado para conseguirmos chegar ao glaciar ainda com boa luz. O trilho está bem marcado por isso não há que enganar.

No miradouro do Skaftafellsjökull, vê-se uma das línguas do glaciar que irrompe da maior calota de gelo da Islândia o Vatnajökull. Aliá esta é a maior massa de gelo da Europa e cobre mais de 8% da Islândia. O cenário é como se de um rio se tratasse, mas transformado em gelo. Ao longe, a olho nu, avistamos uma enorme massa de gelo que se precipita montanha abaixo num silêncio aterrador. Dá-nos vontade de ter asas para podermos sobrevoar esta imensidão branca. Resta-nos lançar o nosso amigo drone para apreciar a paisagem mais de perto por nós. Veja-se lá os privilégios que estes gadgets têm! Fazemos vários voos pregados ao ecrã do smartphone para apreciar de uma outra perspetiva esta maravilha da natureza. Depois iniciamos o percurso de regresso, apreciando uma última vez a olho nu o imenso glaciar Skaftafellsjökull.

Regressamos por outro trilho através da planície da montanha que vai ligar ao caminho de Svartifoss. Enquanto descemos vamos processando o que acabamos de ver, pois é algo único que certamente ficará registado numa das gavetas de recordações do nosso cérebro.

Índice:

Comments

  1. Pingback: Iceland Road Trip – Húsavík e Akureyri – Hugo Martires' Scriptorium

  2. Pingback: Iceland Road Trip – Hugo Martires' Scriptorium

Leave a Reply

Your email address will not be published. Required fields are marked *