Iceland Road Trip – Parque Nacional do Glaciar VatnajökullIceland

Agosto 2022

Dia 5, Glaciar Vatnajökull

Estamos no segundo dia no parque nacional Skaftafell e o tempo continua simpático para connosco. Este parque de campismo é um dos melhores onde já pernoitamos e ninguém se importa de passar aqui mais uma noite, mas não queremos comprometer o itinerário, até porque ainda temos muito para ver.

Começamos o dia com uma visita guiada ao glaciar Vatnajökull, um momento pelo qual todos ansiamos. As visitas ao glaciar só são possíveis em grupos organizados e aqui no parque há vários operadores turísticos que organizam o passeio. Há vários tipos de “tours” das quais podemos escolher. Optamos por um tour que terá a duração de cerca de 4 horas e que sai às 11:00 da manhã. Os operadores disponibilizam todo o equipamento necessário e até alugam calçado para quem não tiver calçado adequado. Antes de sairmos é necessário verificar todo o equipamento: arnês; calçado com cano até ao tornozelo, para proteger de eventuais entorses; crampons (para aplicar no calçado para caminhar no gelo); e machado de gelo. Depois seguimos de autocarro com o restante do grupo até uma das línguas do glaciar.

O autocarro sai da Ring Road (N1) por uma estrada de terra e deixa-nos num parque de estacionamento improvisado junto a uma das línguas do glaciar, a Öræfajökull. Percorremos um trilho durante certa de 30 minutos junto a uma lagoa barrenta até avistarmos o glaciar. O guia, um jovem da Czechia, vai nos falando sobre os efeitos do aquecimento global e mostra-nos in loco o impacto que tem na paisagem glaciar. Ele já trabalha aqui à alguns anos e tem notado que as zonas geladas são cada vez menores. Conta-nos que por vezes até os visitantes reparam quando estão algum tempo sem vir cá. Ainda no trilho de terra, paramos para uma breve explicação de alguns cuidados que devemos ter na seção seguinte, quando começarmos a subir diretamente no glaciar. É agora que também calçamos os crampons para termos aderência ao caminhar no gelo.

Enquanto subimos pelo Öræfajökull, há outros grupos a descer, todos equipados a rigor, pois isto de andar no gelo tem muito que se lhe diga. Caminhamos em fila respeitando sempre o percurso atrás do guia. Não nos podemos desviar, pois corre-se o risco de pisar alguma zona perigosa. Estamos literalmente a caminhar sobre a água, mas em forma de gelo e há algumas partes onde o gelo pode ser mais fino e partir. Por isso é que se recomenda vir sempre com um guia, porque eles sabem por onde se pode caminhar.

Á medida que vamos subindo fazemos várias paragens para apreciar a paisagem, tirar algumas fotografias e o guia vai-nos dando algumas informações sobre o glaciar. O Vatnajökull é a maior massa de gelo da Europa em área, o que corresponde sensivelmente a 3 vezes o tamanho do Luxemburgo. Passamos por vários “moulins” (moinhos) que são buracos de gelo formadas pela passagem de água corrente. O nome é herdado do francês, assim como muitos dos termos técnicos utilizados no alpinismo no gelo, uma vez que foram os franceses os primeiros a documentar estes fenómenos nas montanhas dos alpes e dos Pirenéus. Há moinhos de vários tamanhos, alguns suficientemente grandes para engolir uma pessoa. Também há várias fendas no gelo que evitamos com cuidado. A certo ponto recebemos mais instruções de como subir no gelo em forma de escada, para alcançarmos uma zona mais elevada.

A imensidão branca toma conta de nós e ficamos com a sensação de estarmos a caminhar nas nuvens, não fosse a rigidez com que os crampons cravam o gelo. O guia explica-nos que cada subida ao glaciar é uma experiência diferente porque o gelo está constantemente a mudar. Para mim é como uma tela de um artista que vai mudando ao sabor do vento, sem nunca perder a sua beleza. Numa das pequenas lagoas paramos para beber água, a mais pura e fresca que podemos encontrar. Passamos cerca de duas horas a passear no glaciar, mas nem damos pelo tempo passar.

Antes de começar a descida, recebemos novas instruções de como devemos posicionar o corpo para descer de forma segura. O guia recorre à analogia dos Cowboys, para nos explicar que devemos descer de perna aberta, joelhos refletidos e o corpo ligeiramente descaído para trás. As esporas já temos nos crampons, trocamos a pistola por um machado e só nos falta mesmo o cavalo! Mas por agora temos de descer a pé.

Dia 5, Lagos gelados de Fjallsárlón e Jökulsárlón

Á tarde deixamos o parque nacional Skaftafell e seguimos pela Ring Road (N1) para Nordeste. Paramos junto à igreja de Hofskirkja, uma igreja com o teto com cobertura de relva na região de Öræfi. Existem apenas 6 igrejas de relva restantes na Islândia e Hofskirkja é a última das igrejas antigas a ser construída neste belo estilo de relva tradicional. O interior da igreja é construído com painéis de madeira e pintado em cores vivas, mas só conseguimos ver de fora porque está fechada. A igreja foi dedicada a São Clemente quando a Islândia era um país católico.

Os próximos pontos do nosso itinerário são dois lagos junto ao glaciar Vatnajökull. O primeiro lago é o Fjallsárlón. Fica mesmo junto à estrada N1. Deixamos as caravanas no parque de estacionamento e fazemos o percurso circular que nos leva atá à margem do lago. Pode-se ver vários blocos de gelo, como mini icebergs á deriva no meio do lago. Pequenos barcos semirrígidos levam os turistas em passeio pelo lago até junto ao glaciar. Numa das seções do percurso chegamos mesmo à beira do lago, onde apanhamos cristais de gelo que, entretanto, se vão desprendendo dos blocos maiores. Ainda ponderamos dar um mergulho no lago, mas se calhar fica para uma próxima oportunidade!

Um pouco mais à frente fica o lago maior de Jökulsárlón. Este lago desagua no mar e a estrada N1 passa mesmo por cima dessa junção. Ao passarmos na ponte avistamos logo os vários blocos de gelo dispersos pelo lago que vão descendo lentamente para o mar. Caminhamos na margem do lago até um ponto mais alto para apreciarmos as vistas. É uma simbiose perfeita entre a montanha e o mar, não fosse o aquecimento global que provoca o degelo rápido e enche o lago de blocos de gelo. Em situação normal, muitos destes blocos estariam presos na montanha, onde pertencem naturalmente. Quem não parece preocupar-se muito com a situação é uma foca que passeia feliz e contente pelo lago por entre os vários blocos de gelo.

Mais a baixo, fica a praia que é conhecida como praia dos diamantes. O gelo que se vai desprendendo do glaciar chega à praia em blocos cada vez mais pequenos que depois ficam na areia a reluzir como se fossem diamantes. Mas ao contrário dos outros estes não são eternos! O areal fica repleto de cristais gelados de todas as formas e feitios e como a areia é preta, ainda sobressaem mais. Enquanto a Marisa apanha uma amostra de areia para a sua coleção, eu e a Nikky construímos um castelo. Já construímos muitos castelos na paria, mas nenhum como este! Este castelo tem um requinte especial, pois é feito de diamantes, digno das mais nobres e belas princesas.

Seguimos viagem porque ainda temos vários quilómetros pela frente. Inicialmente tínhamos pensado em dormir na cidade de Höfn, mas o parque de campismo não nos agradou e por isso optamos por continuar mais para a frente e vamos dormir em Djúpivogur.

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