Agosto 2022
Dia 11
O parque de campismo de Akranes fica mesmo em cima do mar na extremidade de uma pequena península. Fora das caravanas faz um vento tremendo, que é habitual nesta zona. Estamos a chegar ao final da nossa visita à Islândia, mas não queremos deixar de conhecer aquela que para muitos é a península mais bonita do país. É uma região que tem bastantes locais interessantes para visitar e há quem diga que o ideal é reservar dois dias para a península de Snaefellsnes.
No caminho voltamos a passar por Borgarnes. Começa a chover fortemente e o vento forte faz-se sentir na caravana enquanto estamos na estrada. Seguimos com cuidado, pois sabemos que estas tempestades por vezes provocam danos sérios nas viaturas. Na chegada a Snaefellsnes paramos num ponto de informação turística onde uma jovem simpática nos dá umas dicas do que podemos visitar na região. Diz-nos que a previsão meteorológica é de na parte da manhã o tempo vai estar melhor na parte norte da península e de tarde no Sul, onde nos encontramos. Equipados com um mapa dos principiais pontos turísticos, seguimos então para Norte, para Stykkishólmur.

Continua a chover com alguma intensidade. Stykkishólmur é uma pequena cidade no norte da península de Stykkishólmur onde ainda se podem ver muitas casas tradicionais islandesas, hoje transformadas em Guest Houses ou Bed&Breakfast’s. É pena estar a chover tanto que nem temos vontade de sair do carro. Damos uma volta pela cidade de carro e seguimos viagem. Voltamos à estrada principal, a N54 que dá a volta à península e seguimos para oeste. A próxima paragem é a montanha Kirkjufell com uma cascata com o mesmo nome. Esta cascata passou para a ribalta desde que a popular série da HBO, Game of Thrones, filmou aqui umas cenas. A cascata fica mesmo à beira da estrada e é de muito fácil acesso. A vista da Kirkjufell foss com a montanha por trás é qualquer coisa de encantador.

Continuamos um pouco mais para a frente até à cidade de Hellissandur. Á entrada da cidade cortamos para Ingjaldshólskirkja, uma pequena igreja pitoresca de telhado vermelho. Este é um dos locais históricos da Islândia, uma vez que foi um dos primeiros colonatos da ilha, e morada de altos oficiais. Esteve na posse de um importante clã que controlou parte da ilha nos séculos XII e XIII. Hoje resta apenas uma escultura em pedra a lembrar esses primeiros colonos e a igreja. Aproveitamos para absorver o legado histórico enquanto almoçamos dentro da caravana. Lá fora continua a chuva.
Depois do almoço fomos visitar Hellissandur, cuja principal atração são uns murais pintados por diversos artísticas em alguns dos edifícios da cidade. Esta iniciativa acabou por ser uma forma de dar algum protagonismo a alguns edifícios abandonados e de chamar a atenção para outros ainda em funcionamento. Os temas são muito diversos e espontâneos como é apanágio da arte urbana. As cores vivas de muitos deles contrastam com o clima sempre cinzento, como aliás está hoje.

Depois de contornarmos a parte mais ocidental da península, voltamos para Sul e parece que a jovem no posto turístico tinha razão. O tempo está a melhorar um pouco e a chuva a acalmar. A cidade de Arnarstapi é a nossa próxima paragem. Outrora um importante centro de pesca com um porto natural, hoje é um lugar para os viajantes reabastecerem antes de entrar no Parque Nacional Snæfellsjökull. Nós não temos tempo para visitar o parque por isso ficamos apenas pela cidade.
Estacionamos as caravanas num parque à entrada da cidade. Logo ali ao lado fica um monumento a Júlio Verne, pois o vulcão Snæfellsjökull ficou famoso no seu romance “Viagem ao Centro da Terra”. O monumento é um conjunto de placas de sinalização que mostram as distâncias para algumas das principais cidades do mundo através do núcleo da Terra. Buenos Aires, Paris, Nova Yorque, Pequim, Moscovo, Sydney, Cidade do Cabo, entre outras. É só escolher o destino e perfurar até ao centro da terra. Depois é sempre em frente!

O outro monumento famoso de Arnarstapi é a estátua de Bárður. O monumento fica de frente para o mar e é uma homenagem a Bárður, protagonista de uma saga histórica e espírito guardião da região. É feito todo em pedra natural de vários tamanhos, sem qualquer tratamento. A estátua é da autoria do escultor Ragnar Kjartansson, e mostra a sua interpretação do personagem gigante que domina a área ao redor do glaciar Snæfellsjökull.
Deixamos o gigante para trás e continuamos a pé por uns passadiços de madeira que percorrem a costa até ao porto da cidade, um pouco mais a baixo. É um percurso muito bonito que passa por algumas formações rochosas interessantes como a “janela” Gatklettur ou a “ponte de pedra”. Apesar dos chuviscos que, entretanto, voltaram, vale bem a pena este passeio tão próximo do mar. O porto de Arnarstapi é um lugar pitoresco. Está muito calmo. Hoje só as gaivotas andam por aqui.

Regressamos ao parque de estacionamento e seguimos viagem. Um pouco mais à frente de Arnarstapi, fazemos novo desvio para ir ver a Búðakirkja. Trata-se de uma pequena igreja perdida à beira-mar, toda em madeira preta. Bem, quase toda, porque a porta e as janelas são brancas. Como tem sido costume nas várias igrejas que visitamos, esta também está fechada. Espreitamos pelas janelas e o interior todo em madeira faz lembrar as igrejas dos filmes do faroeste.
O último ponto da nossa visita é a praia de Ytri Tunga. Não é que alguém esteja com vontade de dar um mergulho. Banhos aqui só em águas termais. Esta praia é famosa porque alberga um grande número de focas que vivem nestas águas. De manhã, a jovem no posto de informação turística disse-nos que ainda ontem esteve a nadar aqui na praia e as focas andavam por aqui. Quando está sol, elas ficam estendidas nas pedras a bronzear! É muito comum vê-las por aqui, mas hoje já é tarde e o sol nem vê-lo. Caminhamos pela praia em silêncio, como aliás mandam as várias placas informativas. Também somo avisados que devemos manter a distância caso as focas estejam em terra. Infelizmente hoje não estão nenhumas em terra. Ainda conseguimos avistar algumas cabecinhas com bigodes no mar, mas mesmo essas estão muito introvertidas.
Terminamos assim a visita à península de Snaefellsnes. O passeio foi um pouco condensado, mas dentro do tempo que temos e de acordo com as condições meteorológicas, temos de nos adaptar. Aqui na Islândia na verdade quem manda é o tempo, por isso, os planos que fazemos valem o que valem. Amanhã temos de ir entregar as caravanas perto do aeroporto, por isso hoje vamos já dormir novamente em Akranes. Apesar de ventoso, o parque de campismo tem boas instalações e já fica próximo de Reiquejavique, o que nos facilita em termos da distância.
Índice:
- 1 – Reiquejavique
- 2 – The Golden Circle
- 3 – Parque Nacional Skaftafell
- 4 – Parque Nacional do Glaciar VatnajökullIceland
- 5 – Seyðisfjörður
- 6 – Desfiladeiro Stuðlagil e Lago Mývatn
- 7 – Húsavík e Akureyri
- 8 – Siglufjörður
- 9 – Vulcão Fagradalsfjall e Lagoa Azul
- 10 – Península de Snaefellsnes
- 11 – Regresso a Reiquejavique
Comments
Pingback: Iceland Road Trip – Hugo Martires' Scriptorium
Pingback: Iceland Road Trip – Seyðisfjörður – Hugo Martires' Scriptorium