Outubro, novembro 2022
Dia 2

O fuso horário de Cuba está atrasado 5 horas em relação a Portugal, por isso acordo antes das seis da manhã. A Marisa acorda um pouco depois. O sol nasce às 7:30 e nós marcamos o pequeno-almoço para as 8:00 com a senhora que dá apoio à casa. Por volta das 6:30 já não consigo estar deitado e por isso aproveito para ir fazer uma corrida matinal. A Marisa fica a descansar mais um pouco enquanto eu vou correr. Saio de casa ainda no escuro da madrugada. Nas ruas já se vê algum movimento, mas pouco. São mais as pessoas que estão a varrer ou a lavar as ruas da sujidade deixada da noite anterior. Algumas pessoas começam a chegar às lojas para fazer as compras do dia, fazendo fila à porta. Vou em direção ao mar e depois sigo pela Avenida Del Puerto. Quando chego ao Parque Martires del 71 o sol começa a nascer. Aproveito para tirar umas fotografias ao nascer do sol e ao Castelo de San Salvador de la Punta, a fortaleza portuária do séc. XVI restaurada que fica do outro lado da estrada.
O moderno Hotel Paseo del Prado La Habana reflete os raios de sol nas suas paredes envidraçadas. Subo pela Paseo del Prado (ou Paseo de Marti) até ao parque central. Aqui já há mais movimento, pois é o centro nevrálgico de Havana. De um lado o grande teatro de Havana (em restauração) e do outro o Museu Nacional de Belas Artes e o Gran Hotel Manzana Kempinski La Habana, ambos os edifícios perfeitamente cuidados. No meio da avenida começam a chegar os táxis e as “máquinas”, os clássicos americanos dos anos 40 continuam a ser as viaturas mais comuns aqui em Cuba. Claro que muitos destes aqui estacionados são para os turistas, mas continuam a circular muitos destes carros com os locais. É um autêntico museu do automóvel em movimento.
Um pouco mais à frente fica o capitólio. Com uma arquitetura muito semelhante ao capitólio dos EUA, é talvez o edifício mais bem cuidado de todo o país. O capitólio fica na fronteira entre La Habana Vieja e Vedado, uma zona mais recente da cidade. Depois continuo a corrida pela rua “Teniente Rey” até à Plaza Vieja e regresso a casa, já bem de dia e com muito movimento nas ruas.

Às 8:00 horas como combinado a senhora baste-nos à porta para nos vir preparar o pequeno-almoço. Chama-se Dixon e começou a trabalhar para este proprietário há alguns anos. Ela prepara-nos a refeição enquanto vamos conversando, e vai-nos contando das dificuldades que estão a sentir agora no país. Primeiro foi a COVID-19 que levou todos os turistas e muitos habitantes da ilha que com a crise instalada não viram outro remédio que são tentar a sorte noutro lado, depois a guerra na Ucrânia que também chega aqui nas restrições de bens alimentares. Tudo isto num país que já sofre um embargo internacional há mais de 60 anos, não é difícil perceber as dificuldades. É um testemunho em primeira mão que processamos lentamente!

Após o pequeno-almoço saímos para as “calles” da La Habana Vieja. São cerca das 9:30 e já há muito movimento nas ruas históricas de Havana. Da Plaza Vieja subimos ao Capitólio pela rua “Teniente Rey”. Pelo caminho encontramos muitas filas de pessoas à entrada das lojas. Espreitamos lá para dentro e vimos prateleiras quase vazias. As pessoas vão entrando duas a duas. Não permitem concentração de clientes dentro das lojas. As padarias vão distribuindo a porção de pão para cada família. Algumas lojas têm placas informativas a indicar qual as quantidades que cada cliente pode comprar. Quando saem das lojas, os clientes trazem um saco plástico com os poucos produtos que conseguiram comprar. É daquelas coisas que nunca vimos em parte alguma, nem nos países mais pobres por onde já andamos.
Mais à frente vemos também alguns vendedores de fruta e vegetais nas ruas em carrinhos/bancas a vender os seus produtos. Estes, não me parece que sejam racionados e também não formam muitas fias. Como são produtos agrícolas que se produzem cá na ilha, não deve haver tanta falta.

No capitólio os guardas aprumados nas suas “guaritas” vigiam o edifício em todo o seu redor, e os jardineiros cuidam dos jardins extremamente bem arranjados. Continuamos para o Parque Central com o Gran Hotel Manzana Kempinski de um lado e o Grande Teatro de Havana do outro. Nesta zona da cidade é tudo em “grande”! A esplanada do teatro está cheia de gente a tomar o seu café ou um bom rum para começar bem o dia.

No centro da avenida que cruza o Parque Central já estão muitas “máquinas” (clássicos americanos) e somos logo abordados por vários “taxistas” que se oferecem para nos fazerem um passeio guiado pela cidade. Para já preferimos ver a cidade pelo nosso próprio pé. Descemos o Paseo del Prado, passando primeiro pelo hotel Iberostar Grand Packard e depois já perto do mar o hotel Paseo del Prado La Habana, os dois hotéis mais modernos da cidade.
Depois de chegarmos ao Castelo de San Salvador de la Punta, seguimos para a praça 13 de março onde fica o museu da revolução. À porta espera-nos um tanque, que terá sido utilizado pelos militares fiéis a Fidel Castro na tomada de Cuba. O museu está fechado para restauração, por isso não podemos visitar. É pena, pois segundo li, é um dos pontos imperdíveis de Havana, e que ajuda a compreender a história desta nação ilha.

Votamos a entrar em La Habana Vieja, caminhando pelas ruas empedradas cheias de cor e de vida. As roupas estendidas nas janelas, fazem lembrar os bairros típicos lisboetas, agora também transformados em atração turística. No cruzamento da rua Mercaderes com a Obispo encontramos o hotel Ambos Mundos, conhecido por ser a “residência” de Ernest Hemingway, já que o nobel da literatura americano passava aqui muito do seu tempo quando em Cuba.
De regresso à Plaza Vieja visitamos o Centro de Desarrollo de las Artes Visuales, um edifício público que alberga uma exposição de pintura modera de um artista de nome Christian Santy. Somos os únicos visitantes e as luzes da sala são ligadas propositadamente para nós. A falta de energia frequente em toda a ilha obriga a todos a poupar.
Em seguida vamos pela rua San Ignacio, uma das artérias principais de La Habana Vieja até Plaza de Armas, onde fica o Palacio de los Capitanes, antigo espaço de residência dos ilustres militares que em tempo governaram a nação. Agora é um museu, mas também não está aberto ao público. Do outro lado da praça fica o Museu Nacional de História Natural de Cuba e o Castelo da Força Real, uma antiga fortaleza em forma de estrela, rodeada por água. O acesso ao interior é feito por uma pequena ponte de pedra, mas à hora que chegamos o castelo já está a fechar.

Ali mesmo ao lado fica a Catedral de San Cristóbal de La Habana, que também está fechada, e o Callejon del Chorro, um beco com vários restaurantes, muito requisitados pelos turistas. Subindo a rua Empedrado encontramos La Bodeguita del Medio, famosa por ser o local de eleição de Hemingway para beber o seu Mojito. Aliás, diz-se que a famosa bebida à base de rum foi inventada aqui. O que é facto, é que é uma paragem obrigatória para todos os visitantes que venham a Havana. Apesar disso o restaurante, ou taberna se assim quisermos, também é muito frequentado pelos locais. Cá fora os turistas fazem fila para beber mojitos, enquanto uma banda local anima o pessoal com música típica cubana. Só o estar à porta é já uma experiência! Hoje não vamos entrar, havemos de cá voltar noutro dia.
Voltamos à rua Obispo, uma pequena rua com bastante movimento de turistas e locais. Tem várias lojas e algumas filas para entrar naquelas que vendem alimentos, como já é costume. O pequeno mercado de artesanato é bastante concorrido pelos turistas, assim como as pequenas lojas de souvenirs. Lá vamos entrando aqui e ali para ver as bugigangas cubanas, mas de artesanato puro, pouca coisa. A maioria é tudo feito em serie e distribuído por todas as lojas. Mas este negócio é mesmo assim em todo o lado.

No final da rua Obispo, na direção do Parque Central, fica o El Floridita, outro bar famoso. Mais uma vez muito deve a Hemingway, pois vinha aqui também com frequência beber o seu daiquiri, outra bebida cubana que foi inventada precisamente pelo dono e fundador do El Floridita, que segundo consta era também amigo do escritor. O autor de “O Homem e o Mar” era por isso muito dado à pinga, como se pode constatar aqui por Havana! O que é certo é que ambos estes restaurantes/bares são hoje autênticas “instituições” em Cuba e já têm “sucursais“ espalhadas por outros pontos da ilha. O La Bodeguita já foi inclusivamente “exportado” para outros países, como o México.
Deixamos a bebida e voltamos a concentrar-nos mais na cultura. A Catedral Ortodoxa de Nossa Senhora de Kazan fica junto à Avenida del Puerto, perto do terminal de ferries (que está também em restauração). A catedral está fechada, por isso só conseguimos ver mesmo o edifício. Num país que é essencialmente católico apostólico, herança dos tempos coloniais espanhóis, é curioso ver uma igreja ortodoxa. É uma clara lembrança dos tempos áureos do apoio soviético a Cuba.
Regressamos pela Plaza de San Francisco de Asis, onde fica a basílica do mesmo santo. O espaço, outrora uma igreja, hoje é um museu e sala de concertos. Subimos pela rua Teniente Rey e estamos de volta à Plaza Vieja. Acabamos por jantar mesmo por ali, porque neste momento não há grande oferta de restaurantes em Havana. Muitos fecharam depois da pandemia e não voltaram a abrir, e outros ainda que abertos, não têm muito para oferecer aos seus clientes, porque simplesmente há falta de tudo em Cuba. Esta é a triste realidade que constatamos à chegada a este belo país do Caribe. Ainda assim o povo é bem animado e muito acolhedor.
Dia 3
Começamos o dia nos Armazéns São José, junto à baía de Atarés. Os antigos armazéns foram convertidos num gigante mercado de artesanato e pintura. Chegamos cedo e no piso térreo as bancas de artesanato ainda estão a abrir. Há pouco movimento num espaço tão grande! No piso de cima ficam os artistas plásticos. São corredores e mais corredores de telas coloridas a perder de vista. Os artistas têm aqui as suas galerias de exposição permanente.


Há pinturas para todos os gostos, desde os motivos tradicionais de Cuba, passando pelos mais genéricos do Caribe até à Pop Art. É uma amálgama colorida de telas que parece não ter fim. Nunca vi tantas telas juntas. A maior parte dos expositores não tem ninguém. Os artistas vão chegando a conta gotas. Provavelmente sabem que nesta altura há pouco movimento.

Já tinha ouvido falar na veia artística do povo cubano, mas este local é deveras impressionante, e uma demonstração de que a privação não impede a criatividade. Navegamos calmamente pelos corredores do piso superior dos armazéns, apreciando as obras de arte. Há muitas pinturas dos carros clássicos americanos que circulam por toda a ilha, personagens a fumar charutos cubanos, e também alguns motivos mais abstratos.
Regressamos ao piso térreo onde agora já há mais bancas abertas. O artesanato é praticamente igual em todas elas. Na realidade não parece muito artesanato puro, mas sim peças produzidas em massa para distribuição pelos mercados turísticos. Já vimos algumas das mesmas peças em outros locais de Havana. Quanto a mim, o mercado vale a pena pelo andar de cima, mas para quem gosta de bugigangas encontra muita coisa aqui.

Hoje vamos visitar a Plaza de la Revolución e a zona dos ministérios governamentais, que fica a cerca de 5 Km da Plaza Vieja. É uma distância considerável para fazer a pé, mas como temos tempo vamos nas calmas pelas ruas da cidade. Passamos pela Estación Central de Ferrocarriles onde está uma grande concentração de gente, uns a chegar, outros a partir. O edifício central da estação está fechado para renovação, por isso as pessoas acedem diretamente à linha dos comboios. Entramos para ver um pouco da azáfama da estação e começo a filmar o longo comboio que aguarda os passageiros. Sou interpelado por um funcionário que me diz que não posso filmar aqui dentro. Quando lhe pergunto a razão, explica-me que não é uma questão de ser proibido filmar, mas que para isso é preciso uma autorização prévia das autoridades. Da próxima vez que vier fazer um documentário a Cuba, não me posso esquecer de solicitar previamente as devidas autorizações!
Subimos para a Av. Simón Bolívar de onde apanhamos Av. Salvador Allende, uma das principais artérias de acesso ao centro da cidade. Passamos pelo shopping Plaza Carlos III, o primeiro que encontramos mais ou menos ao estilo de centro comercial que estamos acostumados. O edifício de três andares tem um átrio central nos rés do chão com divertimentos para crianças esplanadas … todas fechadas. Passamos pelas lojas nos vários pisos e todas parecem “despidas” de produtos. A única exceção são algumas lojas de produtos de higiene. Não há muito movimento no centro porque na verdade não há muito para comprar. Os poucos cafés e restaurantes à entrada funcionam à porta fechada com filas cá fora para quem quer comer alguma coisa. É uma imagem recorrente sempre que se trata de algum sítio para comer aqui em Havana.

Depois de uma longa caminhada, chegamos à Plaza de la Revolución. A Biblioteca Nacional “José Martí” fica logo ali ao lado, um edifício imponente que guarda os escritos mais preciosos da nação. Na parte mais a sul da praça fica o Memorial José Martí, constituído por um grande pináculo de pedra branca e uma escultura do nacionalista libertador de Cuba. O complexo está guardado por militares que não deixam ninguém se aproximar. Quando passamos em baixo na estrada avisam-nos logo para passarmos para o lado de lá do passeio. Apenas conseguimos ver o José Martí à distância. Não sei se ele fosse vivo, se ficaria satisfeito com a ideia! Por detrás do memorial fica o Comité Central del PCC, ou seja, a sede do Partido Comunista Cubano. Escusado será dizer que toda esta zona está vedada ao público, e por muita curiosidade que tenha em visitar este organismo público, a ideia de uma visita a uma prisão cubana faz-me pensar duas vezes. Desta vez não vou conseguir saciar a minha curiosidade.
A Plaza de la Revolución é uma das paragens obrigatórias dos turistas e a maior parte deles chegam aqui nos passeios de carros clássicos. Vimos vários estacionados e estão constantemente a chegar outros com novos turistas. Para além do Memorial José Martí, temos também os famosos murais em aço do Che Guevara, no edifício do ministério do interior, e o mural Camilo Cienfuegos, no lado oposto, no ministério das comunicações. Foram dois dos heróis da revolução cubana de 1959 que se transformaram em ícones, não só em Cuba, mas também internacionalmente. Neste plano Che Guevara adquiriu uma maior notoriedade.

Subimos agora em direção à Universidade de Havana. Passamos na estação de autocarros da Viazul para perceber o funcionamento da mesma. Para aceder ao interior da estação temos de passar pela segurança. Dizemos que vamos recolher informações sobre os bilhetes e deixam-nos passar sem qualquer problema para a zona dos guichês. Depois para termos acesso ao embarque para os autocarros há outro controlo de segurança, onde só se pode entrar com bilhete. O que é certo é que não há confusões. Está um ambiente muito tranquilo.
A seguir passamos pelo Hospital Calixto Garcia que já faz parte da Faculdade de Medicina. Segundo dizem é uma referência nacional, mas também internacionalmente. O velho edifício de estilo colonial não faz jus à sua reputação, mas ao que parece é aqui que se formam os melhores médicos do país.
Um pouco mais abaixo fica a grande escadaria e a principal entrada para a Universidade de Havana. Como é domingo está fechada e nem por fora se pode visitar. É pena porque gostava de conhecer as várias faculdades, a biblioteca central, a aula magna, …
Viramos para a Calle M, onde fica o Hotel Habana Libre. É um dos hotéis históricos do país, já que foi aqui que ficaram alojadas as tropas revolucionárias lideradas por Fidel Castro quando tomaram Havana em 1959. É um dos maiores hotéis de Cuba, situado em Vedado. Abriu em 1958 como Habana Hilton e era o maior e mais alto hotel de toda a América Latina à época. No átrio, no interior, estão expostas várias fotografias da época da revolução. Durante o ano de 1959 serviu de residência e quartel-general a Fidel Castro e outros revolucionários. Em junho de 1960 Fidel Castro anunciaria a nacionalização do hotel e a mudança de nome para Habana Libre.

Um pouco mais abaixo, junto à avenida marginal (Malecón), fica o também famoso Hotel Nacional de Cuba. Num estilo mais clássico e charmoso que o Habana Libre, foi construído com financiamento americano e inaugurado em 1930. A arquitetura contém uma mistura de estilos, incluindo sevilhano, romano, mourisco e art déco. Ao longo dos vários anos de operação o hotel recebeu hóspedes importantes, incluindo artistas, atores, atletas e escritores como Winston Churchill, Duque e Duquesa de Windsor, Jimmy Carter, Frank Sinatra, Ava Gardner, Buster Keaton, Rocky Marciano, John Wayne, Marlon Brando, Ernest Hemingway, Yuri Gagarin, só para mencionar alguns. Estes e tantos outros nomes estão mencionados à entrada do restaurante do hotel, onde se indica o menu preferido de cada um.
O hotel hoje mantém o charme de outros tempos, mas menos exclusividade no que aos hóspedes diz respeito. Entramos pelo lobby onde pudemos apreciar os vários registos históricos que por aqui foram passando. No terraço exterior com vista para o mar sentamos a tomar um refresco enquanto descansamos da já longa caminhada pela cidade. O ambiente é muito agradável e o staff muito simpático. Ainda tentamos comer alguma coisa, mas nem aqui há muita variedade, por isso ficamo-nos pelas bebidas.

Deixamos o Hotel Nacional e continuamos pela avenida marginal (Malecón), até à embaixada dos EUA. A embaixada não é uma atração turística, mas é um local histórico dada a tensão existente entre os dois países. O edifício está todo cercado com uma vedação alta e com vários agentes de segurança em toda a sua extensão, o que é comum a outras embaixadas dos EUA em outros países. É um edifício em formato retangular com 7 andares e com vista para o estreito da Florida. Esta talvez seja a embaixada norte americana mais próxima da “homeland”. A embaixada esteve fechada durante vários períodos. Em 2015 a administração de Obama restabeleceu a diplomacia entre ambos os países e a embaixada reabriu depois de mais de cinquenta anos fechada.
Em frente à embaixada, o governo cubano erigiu uma escultura, a Tribuna Anti Imperialista Jose Marti. Atualmente, a avenida onde está a escultura, está em remodelação, com um projeto ainda mais arrojado de clara provocação aos EUA. É um local que reflete bem a encruzilhada ideológica em que está Cuba, e que o torna um país de peculiaridades únicas no mundo.
Seguimos para o Callejon de Hamel, uma pequena rua com edifícios degradados pintados com grafitis e várias obras de arte urbana. Ao domingo junta-se muita gente nesta rua com música e muita animação. Os locais tentam “vender-nos” informações sobre o bairro, não vá a gente perder alguma coisa! À entrada da rua os tuk tuk’s em forma de casca de ovo fazem fila para trazer e levar os visitantes. O Callejon de Hamel fica na zona de Vedado já afastado do centro.
Voltamos à avenida marginal (Malecón), e continuamos na direção de La Habana Vieja. Seguimos pela Calle San Lazaro, paralela ao Malecón. Esta zona é das mais degradadas que vimos na cidade. Mesmo alguns prédios com vista para o mar, estão muito degradados. Só quando chegamos perto do Hotel Paseo del Prado, é que as infraestruturas começam a melhorar.

De volta a La Habana Vieja, vamos à La Bodeguita del Medio para comer alguma coisa. Mais uma vez há poucas opções e nada que nos agrade. Ficamo-nos por um Mojito sem álcool, enquanto descansamos do longo passeio. Para Hemingway talvez fosse uma heresia o que estamos a beber, mas para nós assim está bem. As paredes no interior da Bodeguita del Medio estão cobertas de fotografias de gente famosa, ou de assinaturas e dizeres. A tradição na Bodeguita é os visitantes deixarem qualquer coisa escrita nas paredes, por isso está tudo rabiscado até onde as pessoas conseguem alcançar. A Marisa não perde a oportunidade para deixarmos também a nossa marca junto à mesa onde estamos sentados, na porta de uma janela. Vale em todo o lado, desde que se consiga escrever. O local respira história de tal maneira que em frente a nós está a mesa que era frequentada por Nat King Cole! Junto ao balcão está um grupo de músicos locais a tocar para animar tanto os clientes que estão no interior do restaurante, como os que estão ao balcão a beber Mojitos.
Um pouco abaixo da Bodeguita fica a Catedral de San Cristóbal de La Habana, que hoje está aberta. Depois de visitarmos a catedral regressamos à Plaza Vieja para descansarmos um pouco do passeio e acabamos por jantar ali por perto. No final do dia andamos cerca de 20 Km por La Habana. Foi obra!

Dia 4

Hoje é o nosso último dia em La Habana. Já visitamos praticamente tudo o que tínhamos previsto em La Habana Vieja e em Vedado. Claro que numa cidade tão animada como esta, há sempre coisas para ver e se nos quisermos afastar do centro da cidade ainda há muitas coisas que certamente valem a pena uma visita. Tentamos visitar alguns museus, como o museu da revolução, mas está encerrado temporariamente para renovação. O museu nacional de belas-artes também está encerrado de segunda a quarta. Há muita coisa fechada na cidade.

Na parte da manhã aproveitamos para caminhar mais um pouco pelas ruas de La Habana Vieja, onde há sempre coisas para ver. Desde a própria arquitetura, que em cada rua nos vai surpreendendo com edifícios coloniais de várias cores já desbotadas pelo tempo, até ás pessoas nos seus afazeres diários que mudam constantemente, sempre muito animadas. Visitamos mais uma vez o mercado de artesanato na Calle Obispo e mais umas lojas aqui e ali, onde fazemos as últimas compras.
Fazemos o check-out da casa particular e tomamos uma última limonada no Restaurante Nueva Plaza, mesmo em baixo da casa onde ficamos. Depois vamos até ao Hotel Los Frailes, na Calle Teniente Rey, onde a empresa do transfer que reservamos no vem buscar para irmos para Varadero.

À hora marcada, o guia chama pelo meu nome no lobby do hotel, e lá vamos para o autocarro que nos vai levar para Varadero. É uma viagem de cerca de três horas pelo litoral. O guia vai dando algumas informações pelo caminho dos locais que estamos a passar, o que torna a viagem mais interessante.
Fazemos uma breve paragem no restaurante El Pesacador, junto à estrada e em cima do mar, onde bebemos uma fabulosa Piña colada sem álcool. O guia diz-nos que são das melhores que se bebem por aqui, a versão com rum, claro. Mas a nossa também é bastante boa!
Na fronteira entre a província de Mayabeque e Matanzas, passamos pela ponte de Bacunayagua. Com pouco mais de 314 metros de comprimento e 103 metros de altura, é a ponte mais longa e mais alta de toda a ilha e oferece umas vistas fantásticas de toda a paisagem selvagem desta região.
Mais à frente chegamos à cidade de Matanzas, conhecida como a cidade das pontes, por causa das 17 pontes que atravessam os três rios que cortam a cidade: o Yumuri, San Juan e Canimar. É uma cidade industrial cujo nome significa massacre e refere-se a um massacre combinado realizado no porto da cidade nos tempos coloniais.
Por volta das 18:30 chegamos ao hotel Iberostar Bella Costa. Depois de fazermos o check-in vamos dar um mergulho na praia. Depois do que andamos em La Habana, nada melhor do que as águas quentes e cristalinas do mar do Caribe para relaxarmos. É neste modo que pretendemos passar os próximos dias, por isso provavelmente não vai haver muito para escrever.
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