Um passeio pelo deserto: Dia 6 – Merzouga, Gargantas do Dadé

Dia 6 – Merzouga, Gargantas do Dadès

Acordamos mais um dia na serenidade do Erg Chebbi. Servido o pequeno almoço na esplanada panorâmica, preparamo-nos para a última experiência no deserto: um passeio de dromedário pelas dunas. Percorremos as ondulantes dunas montados nestas criaturas especiais que por aqui agora apenas servem de transporte a turistas mas que em outros tempos eram o único meio de locomoção nas terras áridas do norte de África. Durante cerca de uma hora desfrutamos de uma experiência imersiva na cultura nómada do deserto e se mais tempo quiséssemos ficar o nosso corpo não ficaria muito agradado. É que apesar de ser engraçado andar montado nos dromedários, a posição em que vamos sentados não é a mais confortável e ao fim de algum tempo os músculos começam a dar sinal. Mas o verdadeiro estado físico só se consegue avaliar no dia seguinte, e talvez no outro, … dependendo de cada um!

 
Terminado o passeio, voltamos ao centro urbano para mais umas compras. Enquanto as senhoras ficam a ver echarpes, fosseis e todo o tipo de bugigangas, a rapaziada foi descobrir uma geocaches nas redondezas. Correu bem o “raid” já que fizemos 2 caches, uma localizada no quintal (de pedras) de um auberge com uma vista soberba para as dunas e outra já em cima das dunas numa zona de palmeiras perto do famoso Tombouctou. Voltamos ao centro para apanhar o resto do grupo que exuberava com as últimas compras feitas, que basicamente eram iguais às do dia anterior. Mas saímos de Merzouga felizes e isso é que é importante.
 
Voltamos à estrada em direção às gargantas do Dadès, atravessando a parte mais árida do Sahara marroquino seguindo para norte. Pelo caminho passamos por montes pedregosos em tons de verde e turquesa que brilhavam ao longe, efeito derivado das formações rochosas de barite. Numa das colinas encostamos na berma da estrada para satisfazer a curiosidade e ver de perto estas formações. Assim que paramos o carro, apareceu do nada um jovem que veio a correr pela berma da estrada ao nosso encontro. Quando chegou ao pé de nós, cumprimentou-nos e não disse mais nada! Simplesmente ficou por ali a apreciar esta gente estranha. Enquanto ficamos no carro, alguns do grupo foram para o monte para analisar as pedras em tons de verde. O jovem ali permaneceu serenamente. Olhei para os seu pés e vi uns restos de sapatos, talvez apanhados no lixo, que apenas mantinham as solas dos seus pés fora do contacto direto com o solo. Impressionei-me com tal estado da dignidade humana! Os sapatos degradados talvez fossem a sua menor preocupação e antes de seguirmos viagem demos-lhe algumas coisas que tínhamos no carro para comer. Ele agradeceu amavelmente e nós enternecidos continuamos a viagem à descoberta de Marrocos.

Chegamos já noite dentro ao hotel no desfiladeiro do Dadès. O hotel é o mais económico de toda a viagem por isso ficamos agradavelmente surpreendidos ao encontramos um espaço muito confortável com uma decoração rústica e chá à chegada. Acabamos mesmo por jantar no hotel numa sala aquecida por um enorme aquecedor a gás e com vários instrumentos musicais para animarem a refeição.

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