Road trip nos Balcãs, dia 5

Dezembro 2019, Janeiro 2020

Dia 5 – Pristina e Escópia (Skopje)

Após acordarmos na viragem da década, vamos dar um passeio pelas ruas da cidade, agora quase deserta. Passamos pela estátua de Ibrahim Rugova, o heroi nacional e primeiro presidente do recente país. Foi um proeminente político de origem Albanesa que lutou pacificamente pela independência do país.

Do outro lado da grande avenida M9 encontramos o Museu de História do Kosovo. Hoje é dia 1 de janeiro, logo tudo está fechado. A Mesquita Jashar Pasha fica do outro lado da rua e um pouco mais à frente está a Torre do Relógio e o Hamam. Seguimos por detrás do Hamam até ao mercado de rua que também hoje não está a funcionar. Apenas as bancas e lixo, muito lixo pela rua. Ao lado fica a Radiotelevisão do Kosovo. Tudo isto está situado na parte antiga da cidade.

Depois descemos pelo monumento Përmendorja, uma escultura alusiva à irmandade e unidade de todos os soldados que perecerem durante a II Guerra Mundial. Seguimos pela avenida Luan Haradinaj, já na parte moderna da cidade, até outra escultura. O NEWBORN é uma escultura tipográfica que está situada em frente ao palácio da juventude e desportos. Consiste nas letras N-E-W-B-O-R-N em maiúsculas pintadas com as bandeiras dos vários estados que reconhecerem o Kosovo. Trata-se assim de uma mensagem política bem assertiva. Por detrás da escultura fica o estádio Fadil Vokrri, casa do FC Pristina que milita na superliga do Kosovo. À data está no 4º lugar.

Do complexo desportivo subimos até à Catedral de Cristo o Salvador, um edifício inacabado em tijolo que pertence à Igreja Ortodoxa Sérvia. Parece que aqui ficou esquecido, apenas com uma cúpula em cimento e uma cruz dourada no topo. Quem sabe um reflexo da animosidade entre ambos os povos!

Ali bem perto, a poucos metros fica a Biblioteca Nacional do Kosovo Pjetër Bogdani, um edifício icónico na cidade. O seu nome vem de um dos mais famosos escritores da literatura Albanesa. Foi desenhado pelo arquiteto Croata Andrija Mutnjaković  e o seu estilo não é de todo consensual. Tem um total de 99 cúpulas de diferentes tamanhos e é todo coberto por uma rede de pesca metálica. Segundo o arquiteto, o objetivo foi representar uma mistura do estilo bizantino com as formas arquitectónicas tradicionais islâmicas. Fica num parque junto às várias faculdades da universidade de Pristina, ligeiramente elevado relativamente aos outros edifícios, o que lhe confere um estatuto distinto. 

Do outro lado da estada fica a Catedral da Stª Madre Teresa, a igreja mais imponente que vimos até agora nesta viagem. É certamente o edifício religioso mais recente do Kosovo (e provavelmente em todos os Balcãs), construído em 2007. O interior tem uma decoração simples, a contrastar com a tradição católica, mas talvez ao encontro da personalidade a quem é dedicada.

Voltamos ao hotel para apanhar o carro e seguimos viagem até Escópia. A viagem de cerca de 90 Km faz-se por uma autoestrada impecavelmente cuidada e dura pouco mais de uma hora.

Escópia (Skopje), República do Norte da Macedónia

Passamos a fronteira numa região montanhosa e começamos a descer para Escópia. A capital da República da Macedónia (nome oficial adotado desde 2019 após vários anos de conflito com a Grécia) é uma cidade dividida ao meio pelo rio Vardar. O lado ocidental mais moderno tem uma arquitetura predominantemente Neoclássica. O lado oriental mais antigo é de influência  Otomana, onde fica o bazar, varias mesquitas e também a fortaleza da cidade.

O hotel onde vamos ficar está situado na parte mais antiga, mesmo no centro do bazar. É difícil encontrar de carro e o GPS leva-nos mesmo para a confusão, para as ruas das lojas dentro do interior do bazar. Depois de varias tentativas, acabamos por estacionar o carro e ir procurar o hotel a pé. Depois do check-in aproveitamos o resto da tarde para passear.

Nas ruas do bazar, as lojas estão fechadas porque é dia 1 de janeiro. Apenas os restaurantes estão abertos. Subimos até à mesquita Mustafa Pasha’s passando pelo museu do Norte da Macedónia. Aproveitamos o facto de estarmos na parte alta da cidade e vamos visitar a fortaleza. Daqui temos uma vista fantástica para a cidade, com o rio Vardar em baixo e na margem oposta a parte mais moderna da cidade.

Descemos até uma das entradas do bazar onde se situa o Hamam Daut Pasha. É aqui que ficam alguns dos edifícios mais nobres da cidade, como a casa da opera e a filarmónica da Macedónia. 

Na praça Filipe II encontramos o monumento e a fonte do guerreiro, e a fonte de Olympia, Mãe de Alexandre III. Este viria a ser conhecido por Alexandre o Grande, filho desta última com o primeiro (Filipe II).

Em frente a ambos os monumentos fica o Museu do Holocausto e o Museu da luta da Macedônia. Estamos portanto numa área impregnada de guerras e horrores. A escultura junto ao Museu do Holocausto disso nos lembra.

Passamos a ponte de pedra, símbolo da cidade, até à Praça da Macedónia, já na parte nova da cidade. Estão a desmontar um grande palco que foi usado para a passagem de ano. Há vários monumentos ao redor da praça e ao centro o maior de todos eles. Uma grande estátua de um cavalo com Alexandre III montado. Alexandre o Grande não nasceu nesta região. De facto ele nasceu em Pella a capital do antigo reino grego da Macedónia, na região geográfica da Macedónia no norte da Grécia. Mas é aqui lembrado devido à extensão da área do seu reinado que se estendeu também até esta região.

Seguimos pelas ruas movimentadas ao estilo ocidental com muitas lojas e restaurantes até à Porta da Macedónia, uma réplica do Arco do triunfo Parisiense. Depois passamos na Casa Memorial da Madre Teresa, a mais ilustre filha da cidade. Ela nasceu em Escópia em 1910 e faleceu em Calcutá (Índia) em 1997. Ficaria também conhecida como Madre Teresa de Calcutá e é-lhe frequentemente atribuída a nacionalidade Albanesa, uma vez que era de etnia Albanesa. Ambos os pais eram Albaneses mas ela viria a nascer no que é hoje a República da Macedónia. Não admira portanto o facto de que todos estes três países (Albânia, Kosovo e Macedónia) a tenham “adotado” como sua. A casa está fechada porque hoje é feriado.

Voltamos ao bazar e encontramos um pequeno restaurante local onde comemos o tradicional Ćevapčići. O espaço está cheio de gente. Subimos até umas águas furtadas e sentamo-nos numa mesa com outro rapaz local que simpaticamente se disponibilizou para a partilhar connosco.

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